Esta quarta-feira, Donald Trump deixou uma pista. No Twitter, o Presidente dos Estados Unidos escreveu que “há muito tempo que a administração pede a libertação de três reféns de um campo de trabalho na Coreia do Norte, mas sem sucesso”. E, como já vem sendo hábito, soltou uma exclamação que até aqui só conhecíamos da televisão e do cinema: “Mantenham-se ligados!”. Tudo fazia parecer que as negociações pré-cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte estavam a chegar a bom porto e que três norte-americanos presos no país de Kim Jong-un podiam agora ser libertados.
As everybody is aware, the past Administration has long been asking for three hostages to be released from a North Korean Labor camp, but to no avail. Stay tuned!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) May 3, 2018
Já esta quinta-feira, uma ativista sul-coreana garantiu à BBC que os três prisioneiros já foram deslocados para um hotel de Pyongyang e estão agora a receber cuidados médicos. O Departamento de Estado norte-americano, contudo, não confirma a informação, e uma porta-voz disse apenas que os Estados Unidos “estão a trabalhar para ver estes norte-americanos regressarem a casa o mais cedo possível”.
Mas quem são, afinal, estes três norte-americanos detidos na Coreia do Norte? Dos três, Kim Hak-song é o que está preso há menos tempo. Professor na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang (UCTP), foi detido a 6 de maio de 2017 sob suspeitas de “atos hostis”. Esta universidade, que forma principalmente a elite norte-coreana, foi fundada em 2010 por um empreendedor coreano-americano e muitos dos encargos ficaram à responsabilidade de associações de caridade dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
Kim Hak-song descreve-se como um missionário cristão e a comunicação social sul-coreana conta que nasceu na fronteira entre a Coreia do Norte e China, do lado chinês, mas que é “etnicamente coreano”. Emigrou para os Estados Unidos nos anos 90 e regressou à Ásia para estudar agricultura em Yanbian, uma cidade chinesa, antes de se mudar permanentemente para Pyongyang.
Kim Sang-duk – também conhecido como Tony Kim – foi detido duas semanas antes de Hak-song, acusado de espionagem. O naturalizado norte-americano estava a tentar sair do país depois de ter estado a trabalhar na UCTP durante um mês. Os meios de comunicação sul-coreanos dizem que tem 55 anos e esteve envolvido em trabalho humanitário na metade norte da península da Coreia.
Estudou contabilidade em duas universidades dos Estados Unidos e trabalhou no país enquanto contabilista durante mais de uma década. Também regressou à Ásia para estudar em Yanbian.
O terceiro prisioneiro é também o que está detido há mais tempo. Kim Dong-chul tem pouco mais de 60 anos e nasceu na Coreia do Sul, para depois se naturalizar norte-americano. Foi preso em 2015 por espionagem e condenado a dez anos de trabalho árduo em 2016. Antes do julgamento, deu uma conferência de imprensa onde confessou ter roubado segredos militares em conluio com a Coreia do Sul. Seul negou.
Em janeiro de 2016, deu uma entrevista à CNN onde contou que viveu em Fairfax, no estado da Virginia. Contou que geria um serviço hoteleiro em Rason, uma zona económica especial perto da fronteira, no norte da Coreia do Norte. Kim Dong-chul é casado e tem duas filhas que vivem na China e não voltou a entrar em contacto com elas desde que foi preso.