O primeiro-ministro iraquiano, Haidar al Abadi, pediu aos iraquianos para participarem nas eleições legislativas que este sábado estão a decorrer, depois ter votado na capital do país. “Nestas eleições importantes que determinam o futuro próximo, peço a todos os iraquianos que participem (…), isso é o que esperamos”, referiu Al Abadi, em declarações ao canal televisivo oficial iraquiano Al Iraquiya, depois de ter votado.
O governante, como todos os cidadãos, votou num terminal eletrónico que registou a sua escolha de forma automática, antes de colocar o seu voto na urna.
O novo sistema de votação prevê a distribuição de 60.000 aparelhos por todo o país, de forma a enviar os dados via satélite, informou a comissão eleitoral iraquiana, convicta de que desta forma se irá limitar a fraude e permitir o anúncio dos resultados poucas horas após o fecho das urnas.
Al Abadi insistiu para que “todos os iraquianos participem nas eleições de modo ativo”, de modo a conseguir uma participação elevada, e para que “o futuro seja definido pelas suas mãos e não por mãos de uma minoria”.
“Hoje o Iraque é forte e está unido, depois de ter acabado com o terrorismo e isso é um sucesso de todos os iraquianos”, salientou o primeiro-ministro que, ao contrário da maioria dos principais políticos, optou não votar no hotel de luxo Al Rashid, na área conhecida como ‘zona verde’.
Esta zona foi usada pelo Presidente iraquiano, Fuad Masum, e pelo presidente do parlamento, Selim al Yaburi, para exercerem o seu direito de voto.
Em declarações à Al Iraquiya, o Presidente também transmitiu a sua satisfação pela participação, dizendo que reflete “o interesse do povo iraquiano nestas eleições”.
O sistema político do Iraque determina que o Presidente do país, que tem um papel simbólico, seja de origem curda, enquanto o primeiro-ministro deve ser muçulmano xiita e o presidente do parlamento muçulmano sunita. O ex-primeiro ministro Nuri al Maliki, um dos políticos que votou mais cedo, apelou igualmente à participação que referiu como sendo “um dever legislativo e moral”.
Já o presidente do parlamento, Selim al Yaburi, pediu à Comissão Eleitoral que se mantenha neutral e que desempenhe as suas funções com eficiência.
Para evitar qualquer incidente, as autoridades iraquianas decidiram encerrar as fronteiras e o espaço aéreo no próprio dia das eleições, nas quais existem cerca de 7.000 candidatos (2.000 são mulheres) para ocupar 329 assentos no parlamento, para um mandato de quatro anos.
Dos cerca de 35 milhões de habitantes, perto de 24,5 milhões são eleitores, distribuídos por 18 províncias, sendo que os iraquianos no exterior poderão votar em 19 países, numas eleições às quais concorrem 87 partidos.
Pela primeira vez, os partidos xiitas, que dominaram a vida política iraquiana nos últimos 15 anos, não se apresentam ao eleitorado com uma lista única, devido a divisões internas.
O mesmo acontece com curdos e sunitas, que chegaram a pedir o adiamento das eleições, alegando que mais de dois milhões de iraquianos continuam a viver em acampamentos, deslocados por causa da guerra com o Estado Islâmico e impossibilitados de votar nos seus territórios de origem.