Há uma nova tendência escandinava que promete pôr rapidamente de lado os termos “hygge” e “lagom”. É proveniente da Finlândia e significa beber em casa, sozinho, em roupa interior — como quem diz “em cuecas”.
Chama-se “päntsdrunk”, nome particularmente sugestivo que traduz e simplifica a palavra finlandesa “kalsarikänni” — um pouco mais difícil de soletrar. O que se arrisca a ser uma nova tendência, com um livro prestes a chegar ao mercado britânico (está previsto para setembro), é, na verdade, um hábito de tal forma enraizado na Finlândia que o conceito faz parte de um guia para compreender os costumes do país, publicado no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia (onde até podemos encontrar emojis).
“Päntsdrunk”, que promete ganhar tantos adeptos quanto o estilo de vida proposto pelo “hygge”, reflete precisamente o hábito de beber em casa, sem intenções de sair para a rua. A BBC explica, e bem, que o costume estará diretamente relacionado com os duros invernos que são vividos na Finlândia, marcados por temperaturas negativas e pouca luz solar.
O termo surge depois do sucesso alcançado pela expressão dinamarquesa “hygge“, em 2016, e pela sueca “lagom“, no ano passado. A primeira pronuncia-se “huga”, significa aconchego e promove proximidade entre amigos e familiares, sem telefones ou tablets por perto. A segunda leva muito a sério o ditado popular que insiste que a virtude está no meio — isto é, apela à “quantidade certa” de tudo um pouco, “nem de mais, nem de menos”.
Estas duas maneiras de estar da vida facilmente transportam quem as segue ou tenta seguir para um ideal de vida que, na prática, parece particularmente mais difícil de cumprir do que o “Päntsdrunk” — uma vez que a bebida em causa não é especificada, não é muito difícil imaginar portugueses no sofá, descontraídos, nos trajes apropriados, a beber um copo de vinho (somos o país que mais consome vinho per capita no mundo — são 51,4 litros por pessoa ao ano).
E porquê dar ouvidos a uma forma de viver escandinava? Em março de 2018 era notícia que a Finlândia é atualmente o “país mais feliz do mundo” — chega para lá Dinamarca. Os dados constam no relatório anual “World Happiness Report”, que leva a assinatura da OCDE (Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento). De referir que os países nórdicos aparecem com bastante frequência no top 5 deste ranking.
Aplicando um pouco de “lagom” ao “päntsdrunk”, compete-nos escrever que a ideia não é beber para esquecer males e problemas variados, tal como a BBC também salienta, antes beber um copo de vez em quando e simplesmente descontrair.