O que faz de Silicon Valley um lugar tão apetecível para os empreendedores? Quais as regras do jogo? E que mitos e factos existem sobre esta comunidade nos EUA que alberga empresas como o Facebook e a Google?

Não é por acaso que este ecossistema de inovação é uma referência a nível mundial. “Silicon Valley é a região do mundo onde há capital de risco disponível em maior quantidade e qualidade em conjunto com uma boa concentração de talentos”, considera Pedro Santos Vieira, presidente da organização West to West, que apoia os empreendedores portugueses em São Francisco. “Esta é uma verdade”, afirma o empresário, mas nem tudo é tão simples quanto alguns acreditam. A ideia de conseguir dinheiro fácil é um mito. “Há algumas pessoas que referem com base no que aconteceu nos últimos seis ou 12 meses que existe dinheiro fácil no mundo das moedas digitais, mas em termos genéricos não acontece. Fazer uma empresa é muito difícil.”

Programa Explorer para levar o empreendedorismo mais longe

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Potenciar o talento jovem e o espírito empreendedor, criando mais e melhores oportunidades para ideias de negócio inovadoras é o objetivo do programa Explorer. No Explorer Space da Universidade de Coimbra – um centro de ideation de alto rendimento – 22 participantes selecionados desenvolvem 16 projetos inovadores, beneficiando de formação gratuita e da oportunidade de vir a ganhar 80 mil euros. O representante do melhor projeto em Portugal irá viajar para Silicon Valey com 53 empreendedores provenientes dos vários Explorer Space da rede internacional para visitar empresas tecnológicas, obter assessoria e contatar investidores, entre outras atividades.

O especialista acrescenta que os investidores de Silicon Valley são insensíveis ao argumento de que “vamos todos ganhar muito dinheiro”. Os jovens devem centrar-se nos pontos fortes da tecnologia que apresentam, clarificando o motivo pelo qual é “uma solução disruptora capaz de mudar o mercado”. É também muito importante sublinhar o valor da equipa e que os consumidores estão preparados para absorver o conceito. “Muitos projetos morrem porque surgiram antes do seu tempo e outros porque nasceram tarde mais.”

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As ideias de Pedro Santos Vieira refletem a sua intervenção no evento “Silicon Valey Comes to Coimbra”, que decorreu no final de maio no âmbito do programa Explorer e reuniu vários empreendedores portugueses de sucesso. Cristina Fonseca (Talkdesk), Paulo Marques (Feedzai), Carlos Boto (Dodoc), André Carvalheira (Findster) e Felipe da Costa (Infraspeak), partilharam as experiências sobre a criação e desenvolvimento de startups tecnológicas nos EUA, num painel moderado pela jornalista Ana Pimentel do Observador. “São um exemplo e motivação para os jovens que desejam lançar uma empresa”, realça o líder da West West.

Empreendedores com vontade de vencer

No encontro de Coimbra, para além de Silicon Valley foram referidas as potencialidades para o sucesso de empresas criadas em outras regiões do mundo, como o exemplo não-americano de Israel, Singapura, Malásia ou Vietname. Na Europa, também têm nascido tecnológicas que se tornaram gigantes como o Skype ou a Spotify. Pedro Santos Vieira reconhece que não existe nenhum outro lugar como Silicon Valley, mas lembra que esta “não é a única região onde podem nascer grandes empresas”.

Em todos as localizações geográficas, seja nos EUA, na Europa ou no Sudeste Asiático, existe um fio condutor entre os empreendedores: a vontade de vencer. “O que faz diferença é o contexto. Há muitas ideias que não têm acesso ao capital de risco nem ao mercado de que necessitam para serem testadas e acabam por não vingar. Se nascerem no coração de Silicon Valley há uma cultura mais aberta para experimentar, testar e investir”.

3 Conselhos para quem sonha com Silicon Valley

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  1. Tentar captar investimento em Silicon Valley é boa ideia se as soluções que a startup oferece se diferenciam de forma significativa no mercado americano, tendo em conta a concorrência que existe.
  2. O mais importante: preparar a mensagem muito bem com base na audiência que se pretende atingir. “Contar a história da empresa a um investidor não é o mesmo que contar a um cliente ou aos media”, refere o especialista Pedro Santos Vieira.
  3. A viagem a Silicon Valley deve ser preparada com antecedência. “É necessário ter um plano de ação, uma lista de pessoas com quem se pretendem falar e uma razão para escolher aqueles nomes”, acrescenta o fundador da West to West.

Para internacionalizar é necessário ter a noção de que nem sempre os negócios com sucesso nos mercados locais ou nacionais são vencedores nos EUA. “É um mito que também identifiquei. É muito importante ter resultados no mercado local porque se alcança desta forma a validação da tecnologia e facilita algumas conversas no mercado americano, mas não representa uma garantia”, afirma o fundador da West to West.

Como Portugal é um país de pequena escala os empresários conseguem testar os produtos ou serviços muito rapidamente, porque é fácil chegar aos decision makers das grandes empresas. “Portugal é um laboratório perfeito e como somos pequenos pensamos logo numa rampa de lançamento para o mercado internacional”, acrescenta.

O evento “Silicon Valley Comes to Coimbra” foi desenvolvido pela Universidade de Coimbra, no âmbito do programa Explorer coordenado pelo Centro Internacional de Empreendedorismo do Santander, apoiado pelo Santander Universidades.

O Banco Santander é a empresa que mais investe no apoio à educação no mundo (Relatório Varkey/UNESCO–Fortune 500). A instituição financeira mantém mais de 1.100 acordos de colaboração com universidades e instituições académicas de 21 países e apoia, por ano, mais de 7.000 empreendedores universitários, promovendo mais de 350 programas de empreendimento de várias universidades.