O Bloco de Esquerda questionou esta segunda-feira o Governo se está disponível para suspender as coimas aplicadas aos trabalhadores independentes e às empresas por não estarem inscritos na Via CTT, sustentando que a Autoridade Tributária falhou na informação.

Segundo noticiou hoje a SIC, algumas dezenas de milhares de contribuintes que pagam IVA, como trabalhadores independentes e empresas, estão a ser notificados para pagar coimas por não se terem inscrito na Via CTT, sistema de notificações do Fisco ao qual estão obrigados a aderir desde 2012.

Na pergunta, o BE quer saber se o Governo tem conhecimento desta situação e se está disponível para suspender a aplicação de coimas enquanto todos sujeitos passivos residentes enquadrados no regime normal do imposto sobre o valor acrescentado tiverem sido devidamente informados dos seus deveres à Autoridade Tributária.

Os bloquistas questionam ainda que medidas pretende o Governo tomar para “ressarcir os trabalhadores independentes das coimas que lhes foram cobradas, sem que, em momento algum, os mesmos tenham sido explicitamente informados de tal obrigação”.

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Os deputados do BE Mariana Mortágua e José Soeiro referem que o Governo lançou o programa SIMPLEX, que, entre outras medidas, implementou um sistema de notificações eletrónicas.

“As alterações legislativas relativas à criação de um domicílio fiscal eletrónico único vieram adicionalmente ditar a obrigatoriedade dos sujeitos passivos residentes enquadrados no regime normal do imposto sobre o valor acrescentado, ou seja, trabalhadores independentes, possuírem uma caixa postal eletrónica”, frisam os deputados.

O BE refere que o seu grupo parlamentar recebeu “inúmeras queixas” de trabalhadores independentes relativas ao pagamento de coimas por incumprimento daquela obrigatoriedade.

“Nessas queixas é referido explicitamente que, em momento algum, a Autoridade Tributária informou os visados da obrigatoriedade associada ao seu regime, nem aquando a sua criação em 2012, nem aquando da abertura de atividade independente por parte dos mesmos”, salienta o documento.

Os deputados defendem que, “face à omissão do cumprimento deste dever”, a aplicação de um processo contraordenacional e aplicação de coimas é de “duvidosa legalidade e manifestamente desproporcional”.

“A existir algum incumprimento do contribuinte neste caso, o mesmo decorre do facto de não ter sido assegurado o direito de informação aos contribuintes”, acrescenta.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, disse hoje aos jornalistas, à margem da apresentação do novo sistema ‘e-tax free’, em Lisboa, que estes contribuintes podem pedir dispensa do pagamento da coima.

Cada pedido de dispensa será analisado individualmente e a coima pode ser cancelada caso não tenha havido “prejuízo para a receita” e se houver “culpa diminuta” do contribuinte, disse António Mendonça Mendes.

Apesar de a adesão à Via CTT ser obrigatória para estes contribuintes desde 2012, uma auditoria interna da Autoridade Tributária revelou que essa obrigação “não estava a ser consequente”.