O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, aconselhou esta terça-feira o Presidente norte-americano, Donald Trump, a lembrar-se de quem tem sido “o melhor aliado dos Estados Unidos” e a dar-lhe valor, até porque “a América não tem assim tantos”.

Numa conferência de imprensa em Bruxelas por ocasião da assinatura da declaração conjunta sobre a cooperação UE-NATO, na véspera de uma cimeira da Aliança Atlântica que decorrerá entre quarta e quinta-feira na capital belga, Tusk fez questão de se “dirigir diretamente ao Presidente Trump, que há muito tempo tem criticado a Europa, quase diariamente, pelo que, do seu ponto de vista, tem sido uma contribuição insuficiente para as capacidades comuns de defesa e por viver à conta dos EUA”.

“Caro presidente Trump, a América não tem e não terá melhor aliado do que a Europa. Hoje, os europeus gastam em Defesa muito mais do que a Rússia e tanto quanto a China. E penso que não pode ter dúvidas, Presidente, de que este é um investimento na defesa e segurança comum norte-americana e europeia, o que não pode ser dito relativamente à despesa (em Defesa) russa ou chinesa”, observou. Aconselhando a administração norte-americana a dar o devido valor aos seus aliados, “até porque não tem tantos assim”, Tusk prosseguiu num tom muito crítico, comentando que “o dinheiro é importante, mas a solidariedade genuína é ainda mais importante”.

“E por falar em solidariedade, também refuto os argumentos do Presidente (Trump) quando diz que os Estados Unidos, sozinhos, protegem a Europa dos seus inimigos e que os EUA estão quase sozinhos nesta luta”, disse, lembrando o que sucedeu depois dos atentados terroristas do 11 de setembro de 2001, quando “a Europa foi a primeira a responder em grande escala quando os EUA foram atacados e pediram solidariedade”.

“Soldados europeus lutaram ombro a ombro com soldados norte-americanos no Afeganistão. 870 bravos homens e mulheres sacrificaram as suas vidas, incluindo 40 soldados do meu país, a Polónia. Caro presidente, por favor lembre-se disto amanhã (quarta-feira), quando nos encontrarmos na cimeira da NATO, mas acima de tudo quando se encontrar com o presidente (russo, Vladimir) Putin, em Helsínquia. É sempre bom saber qual é o seu amigo estratégico e qual é o seu problema estratégico”, concluiu. Trump estará entre quarta e quinta-feira em Bruxelas para uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da Aliança Atlântica, na qual Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, António Costa.

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