Portugal pode perder mais de dois milhões de habitantes até 2060, mais ainda na população em idade ativa, estima a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o que tornaria Portugal no quarto país que mais habitantes perderia entre os 36 países da OCDE, em termos relativos. Só a Lituânia, a Letónia e o Japão estariam piores que Portugal.

Como seria o mundo em 2060? A OCDE quis fazer uma previsão a mais longo prazo que o habitual – o que também significa que a incerteza em torno das previsões é maior –, mas na ausência de mudanças nas políticas que estão a ser seguidas, no caso de Portugal, as perspetivas não são animadoras.

A grande mudança é na população. Com as tendências demográficas habituais, a população portuguesa deverá diminuir de forma progressiva dos 10,6 milhões registados em 2010 para 9,6 milhões em 2040 e para os 8,6 milhões em 2060. Ou seja, uma redução de 19,2% no total da população entre 2010 e 2060.

Esta redução teria, naturalmente, um impacto significativo no mercado de trabalho português. De acordo com a OCDE, a população em idade ativa – os habitantes entre os 15 e os 74 anos – diminuiria em cerca de 2,4 milhões, o que significaria uma redução de quase 30% da população neste escalão etário.

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Neste caso, Portugal deixa de ser o quarto pior país e passa a ser o quinto, porque a Grécia, que estava muito perto de Portugal na redução da população total, em termos relativos, apresenta uma redução ligeiramente mais acentuada.

A única boa notícia, no que à população diz respeito, é que Portugal é dos países em que se espera que exista um maior aumento do número de mulheres a entrar no mercado de trabalho, segundo a Organização, por oposição do número de mulheres que saem da idade ativa, mas não fazem parte do mercado de trabalho.

A redução da população total e, em especial, da população em idade ativa colocaria maior pressão sobre as contas da Segurança Social, devido à forma como está montado o sistema que assenta na contribuição das novas gerações para garantir as pensões a pagamento. Com menos pessoas a contribuir será mais difícil garantir as receitas para cobrir as necessidades do sistema.

Apesar de em termos relativos, o caso de Portugal estar entre os mais graves, há países em situações significativamente mais dramáticas. Um destes casos é o da Lituânia, que nas previsões da OCDE deve perder mais de 41% da sua população, e 50,2% da população ativa. A Letónia também apresenta valores semelhantes.

O caso do Japão, em termos absolutos, é ainda mais dramático. Nas contas da OCDE, o Japão, com uma das populações mais envelhecidas do mundo, deverá ter menos 26 milhões de habitantes em 2060 do que tinha em 2010, sendo que a população entre os 15 e os 74 anos deverá diminuir em 33,2 milhões.

Ou seja, a população japonesa passaria dos 128 milhões verificados em 2010 para 102 milhões em 2060. Já a população entre os 15 e os 74 anos passaria de 97,1 milhões, para 63,9 milhões.

Portugal está também na cauda dos países da OCDE no que diz respeito à taxa de poupança. Nas previsões da organização, depois de uma queda até ao ano de 2010, altura em que terá atingido os 10% do PIB, a poupança até deverá aumentar até aos 16% do PIB em 2020.

No entanto, daí para a frente, as perspetivas não são animadoras. Esta taxa deve cair de forma progressiva até 2060, altura em que deverá atingir os 6%. Pior que Portugal nessa altura só a Grécia, onde a taxa de poupança projetada é de 1% do PIB. A Polónia estaria empatada com Portugal. O contraste não podia ser maior. Na média dos países da OCDE, a poupança deve aumentar até aos 22% do PIB.