Enquanto Bruno de Carvalho falava esta noite na SIC Notícias, Elsa Tiago Judas, que liderou a Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral até a mesma ser considerada ilegal, marcava presença na CMTV para uma entrevista “explosiva” onde deu a sua versão dos factos em relação à separação do antigo presidente do Sporting, tendo mesmo chamado “aldrabão” ao antigo número 1 verde e branco que apoiava já depois da Assembleia Geral que decidiu destituir o ex-líder leonino com uma votação de 71%.

“Nunca tive uma relação de amizade mas era uma pessoa em quem acreditava, caso contrário não me tinha exposto como aconteceu com várias pessoas a dizerem-me para não o fazer e com prejuízo na minha vida profissional. E foi alguém que respeitei até certa altura”, começou por balizar a advogada e professora universitária.

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“Quando fui convidada e reconvidada para ser candidata a presidente de Mesa da Assembleia Geral nestas eleições de dia 8, aceitei o convite mas depois rejeitei. Bruno de Carvalho está a mentir com todos os dentes que tem na boca. Relativamente ao post em que me faz acusações, posso dizer que é um aldrabão. Impõe-se, para os sportinguistas, que percebam o que se passou. Não estou aqui porque me virei contra ele ou contra o projeto mas sim porque fui aldrabada e acusando-me de um crime. Fui enganada, aldrabada. Bruno de Carvalho mentiu em cada palavra daquele post. Sou um instrumento para visar Carlos Vieira e José Quintela, fui visada para isso, um peão para abater dois alvos e é isso que não posso admitir”, defendeu sobre a recente troca de posts com o antigo presidente leonino no Facebook, assunto que voltou a escalpelizar esta noite.

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Para recordar e balizar a questão, a publicação de Bruno de Carvalho a 16 de julho dizia o seguinte.

“Quando o ex-presidente da MAG se demitiu, convidámos a Dra. Elsa Judas para ocupar o lugar deixado vago.

No meu último dia na SAD, a Dra. Elsa Judas entrou aos gritos no gabinete do Dr. Carlos Vieira onde eu estava sentado na mesa de reuniões e, sem se aperceber imediatamente da minha presença, conversou com o então Administrador da SAD sobre quotas e uns alegados 10 mil euros…

Fui apanhado de surpresa. À angustia que já sentia em função dos últimos eventos acrescentou-se o choque e uma sensação horrível de deslealdade. Não entendi de que falavam mas percebi que nada daquilo se encaixava na confiança que até então sentia na equipa que comigo dirigia o clube e a SAD, e que nada daquilo tinha a ver com a franqueza e transparência que sempre balizaram a minha atuação.

Pedi esclarecimentos mas os que foram dados também não os entendi e saí para casa em desilusão.

Assim, quando formei as novas listas chamei a Dra. Elsa Judas e expliquei-lhe que continuo a sentir gratidão por ter defendido o SCP num período conturbadíssimo, mas que, por motivos óbvios, não posso contar com a sua participação nas listas para os órgãos sociais.

Demonstrando surpresa, a Dra. Elsa Judas ainda procurou explicar a conversa a que eu assistira, mas o que então acrescentou, mencionando possíveis pagamentos através da empresa Plataformas S.A., cujo administrador era o Dr. José Quintela, possíveis levantamentos multibanco e putativos empregos numa universidade, aumentaram a minha confusão, tristeza e resolução.

Percebo que esteja zangada mas, porque até agora tudo isto permanece enublado e mencionado por meias palavras, a Dra. Elsa Judas pode esclarecer os sportinguistas, incluindo eu próprio, sobre todos estes assuntos.”

“As candidaturas começaram a ser feitas a uma quinta-feira, salvo erro 5 de julho. Houve uma reunião no hotel, quase que assumindo que ia aceitar e dizendo-me que tinha de acabar as coisas das ‘touradas’ no Facebook por causa de uma coisa que tinha escrito porque em relação à candidatura ia ser diferente. Não sei onde foi buscar o número de dez mil euros e nas quotas… Não, não sou corrupta. Nem entrei em gabinete nenhum, é mentira!”, disse sobre o último post de Bruno de Carvalho. “E já remeti uma queixa-crime por difamação agravada. É imputação grave, não só a mim como a Carlos Vieira e também a uma terceira pessoa, José Quintela”, destacou.

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“É tudo mentira, com todas as letras. Perguntem a Carlos Vieira, a todas as pessoas questão na SAD… Entra por este caminho mas aqui, em relação à insinuação de um esquema de corrupção ativa e passiva, não estabelece nenhuma cronologia e diz que não me convidou sequer. É mentira que tenha ido ter com ele ou que me tenha tentado justificar e fala em deslealdade com alguém que foi leal até ao último dia, confiei cegamente nele. Toda a gente ligada a ele sabe que me convidou e num primeiro momento aceitei. Aliás, deu como tácito eu aceitar e de facto não neguei. Este post é infame porque fui sempre fiel, aos ínfimos dos ínfimos. Ofereceu-me a direção dos serviços jurídicos se fosse eleito; em troca, fingia que estávamos chateados, saía e depois vinha para a comunicação social dizer mal da lista de Carlos Vieira. Foi essa a proposta, a 9 de julho, numa reunião marcada por Bernardo Trindade Barros, em casa dele, alguém que tinha convidado e de quem era amiga há 20 anos”, continuou.

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“Disse que podia haver uma hipótese de fusão de listas mas que, nesse cenário, Carlos Vieira não morria de amores por mim e assim iríamos sair. Bruno de Carvalho ouve a sugestão e diz uma série de impropérios por causa disso. A expressão que utilizou foi ‘Temos de lixar esse gajo’, qual é a forma… E foi aí que falou disso, de sair com uma rutura fingida, zangada comigo e com Carlos Vieira para depois ‘boicotar’ a candidatura de Carlos Vieira. Sendo que depois liguei ao próprio Carlos Vieira e não era tido nem achado nisto, não sabia”, pormenorizou. “A partir daí, nunca mais falámos. Percebi que a reunião tinha sido uma cilada, na minha opinião já estavam combinados antes e foram ali tentar convencer-me a aceitar toda esta situação”, rematou sobre essa situação.

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“A figura do valor redondo dos dez mil euros não é estranha porque Bruno de Carvalho contratou-me a mim e a Trindade Barros em maio, ficando acordado que a troco dos serviços prestados me seria pago cinco mil euros por mês e a Trindade Barros outro tanto. Foi feito um acordo de prestação de serviços, neste caso verbal. Nunca recebi nada do Sporting nem pedi nada a ninguém. Houve uma pessoa a quem me lamentei disso, que foi o pai de Bruno de Carvalho que a certa altura até me pediu para ajudar o filho. Foi a única pessoa… Para verem, durante dois meses, por morar longe, chegava por volta da hora de almoço e saía às 4h, 5h ou 6h da manhã”, disse depois, antes de mostrar dois emails que terão sido enviados por Alexandre Godinho, antigo vogal do Conselho Diretivo que se manteve nas listas de Bruno de Carvalho para o sufrágio eleitoral de 8 de setembro.

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“Elsa, cá vai a MAG. É necessário uma pequena descrição, mais foto mais cartão de sócio”, escreve o ex-dirigente, com um quadro onde se incluem sete nomes para a Assembleia Geral dos quais, e olhando para o que foi apresentado pelo antigo presidente leonino, ficaram todos… menos Elsa Tiago Judas. “Isto prova que foi convidada por Alexandre Godinho, está lá a lista e os cargos”, defendeu. “No dia 9, no dia em que há a tal reunião com Trindade Barros e Bruno de Carvalho, por volta das 17 horas, é enviado mais um email com o mesmo pedido, antes do encontro, que pedia a mesma coisa do que dois dias antes”, prosseguiu.