O papa Francisco advertiu este domingo para os riscos de uma “catástrofe humanitária” na Síria, numa referência à província de Idleb (noroeste), alvo há vários dias do fogo de artilharia do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.
“O vento de guerra continua a soprar e notícias inquietantes chegam até nós sobre os riscos de uma possível catástrofe humanitária na Síria querida do nosso coração, na província de Idleb”, declarou o pontífice, diante dos milhares de fiéis concentrados na Praça de São Pedro, no Vaticano, para assistir à recitação da oração do Angelus.
Jorge Bergoglio renovou igualmente os apelos para um “diálogo” e uma “negociação” no conflito sírio, de forma “a poupar civis”.
Desde há várias semanas, o regime de Bashar al-Assad tem vindo a reforçar a presença militar nas imediações da província de Idleb, o último bastião da fação insurgente, e a lançar diariamente fogo de artilharia contra as posições rebeldes, provocando vários feridos, segundo os relatos do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Nos últimos dias, a iminência de uma grande ofensiva das forças governamentais contra a província de Idleb tem sido muito mencionada.
A província de Idleb é a última região síria que não é controlada pelas forças governamentais. Cerca de 60% da zona é controlada pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS, formado por membros de um antigo ramo da Al-Qaida), sendo que o restante território é ocupado por diversos grupos rebeldes.
Uma ofensiva do regime nesta região, que faz fronteira com a Turquia, parece iminente, mas também depende de um acordo entre Moscovo, um forte aliado de Damasco, e Ancara, tradicional patrocinador dos rebeldes.
Tanto Damasco como Moscovo têm-se multiplicado nos últimos dias em declarações sobre uma eventual intervenção militar mais musculada naquela zona.
O futuro da província de Idleb suscita preocupação aos ocidentais que, na terça-feira passada, alertaram contra as “consequências catastróficas” de uma ofensiva militar, numa reunião na ONU dedicada à situação humanitária na Síria.
Os ‘media’ russos divulgaram que a Rússia reforçou nos últimos dias a sua presença militar ao largo da Síria por temer ataques dos ocidentais contra as forças governamentais após uma “provocação” dos rebeldes.
Mais de 350.000 pessoas morreram e milhões foram obrigadas a deixar as suas casas desde o início da guerra civil da Síria em 2011.