Os pequenos accionistas do Grupo Volkswagen mantêm a pressão e exigem, como compensação, 9,2 mil milhões de euros ao grupo alemão, acusando-o de defender os interesses da família Porsche, que tem 50,7% dos votos (apesar de possuir apenas cerca de 32% do capital) e não dos restantes accionistas. Os queixosos afirmam que o Grupo Volkswagen sabia dos problemas relativos ao Dieselgate muitos antes de os terem comunicado aos restantes accionistas (que não os de referência, essencialmente a família Porsche) e às autoridades.

Face à quebra do valor das acções, que deram um tombo brutal após 2015, quando o grupo admitiu ter mentido e montado sistemas destinados a defraudar as autoridades em 11 milhões de veículos e que já implicou um custo superior a 27 mil milhões de euros, os pequenos accionistas exigem 9,2 mil milhões de euros. E se durante algum tempo não faltava quem afirmasse que, apesar do mérito da acção, não seria fácil encontrar um juiz e um tribunal decididos a apontar o dedo à mítica Volkswagen, agora parece cada vez mais provável que isso venha a acontecer.

O juiz Christian Jeade já acusou Martin Winterkorn, o CEO do grupo à época, de “arrastar os pés” em relação ao divulgar a informação, após um conjunto de administradores ter negociado com a administração americana, na sequência de esta ter ameaçado banir as marcas do grupo por excederem os limites de emissões poluentes. Ora se isto teve lugar muito antes do reconhecimento da fraude em 2015, não são credíveis as declarações de Winterkorn, defendendo que só teve conhecimento do Dieselgate após o dito anúncio.

A má notícia para Winterkorn é que para além dos pequenos accionistas, da justiça americana e até da alemã, o próprio Grupo Volkswagen pode (e deve) persegui-lo judicialmente em busca de compensação, pela forma alegadamente criminosa como tratou do assunto. Especialmente depois de uma testemunha ter declarado ter discutido com o então CEO, em 2007, a manipulação das emissões de NOx. E se é possível que alguns dos casos mais antigos já tenham prescrito, os recentes, ou seja, os posteriores a 2012, ainda são válidos.

A Volkswagen está pois com dificuldades em convencer os juízes que manteve o assunto secreto a fim de não prejudicar as negociações com os EUA, uma vez que também não abriu o jogo com as autoridades americanas, mesmo depois de ter admitido a manipulação e pago a pesada factura. Tudo indica pois que o Grupo Volkswagen vai mesmo ter de compensar os pequenos accionistas pela gestão do CEO nomeado pelos sócios maioritários, a família Porsche, e defendido por eles, mesmo depois de se ter tornado público o escândalo.

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