Ao fim do dia em que Rui Rio veio negar a existência de divisões na direção do partido, surgiu um comunicado na página oficial do PSD, assinado pelo secretário-geral José Silvano, que lança uma suspeita sobre os membros da Comissão Política nacional, precisamente o órgão de direção política permanente do Partido.

No comunicado, José Silvano dá conta da “indignação em relação ao conteúdo das notícias” sobre as divisões na direção do partido e diz que isso “levou a que praticamente a totalidade dos membros da Comissão Política Nacional” lhe “tivesse transmitido, por escrito, o mais vivo repúdio, não só pela falsa ideia de divisão que estão a tentar criar na opinião pública, mas também pelo desgosto de verificar que a notícia que originou toda esta desinformação, tenha tido, necessariamente, a colaboração direta de alguém que, tendo estado presente, não se coibiu de usar um jornalista para a prossecução de pequeninos objetivos de guerrilha partidária“. Na última quinta-feira, o líder do PSD reuniu a Comissão Política Nacional do partido onde terão surgido críticas sobre as suas intervenções mais recentes.

Rio nega divisões na direção do PSD e critica “ruído” dos corredores da política

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O comunicado não esclarece a quem se refere esta suspeita sobre a “colaboração direta de alguém”, mas deixa claro que se trata de uma pessoa que esteve na reunião da direção (habitualmente restrita aos seus membros) e também é direto sobre a notícia a que se refere. Na quinta-feira passada, depois da reunião, o Expresso noticiou a existência de críticos sobre a forma como o líder do PSD se colou ao Bloco de Esquerda na taxa Robles. Nessa reunião, apenas Elina Fraga e Salvador Malheiro não teriam criticado o posicionamento público do partido sobre a polémica, com Rio a considerar que a proposta (tão atacada) do BE “não era disparatada”. Este sábado, o líder do partido já tinha vindo negar quaisquer divisões internas, mas ao fim do dia o seu secretário-geral assinou um comunicado onde fica clara a desconfiança interna que existe na direção de Rui Rio.

Da direção, encabeçada e escolhida por Rui Rio, fazem parte os vice-presidente David Justino, Elina Fraga, Isabel Meirelles, Manuel Castro de Almeida, Nuno Morais Sarmento, Salvador Malheiro, José Silvano e o líder do grupo parlamentar do partido, Fernando Negrão.

No texto, José Silvano garante que a direção está “globalmente coesa” e que apoia a posição do líder, Rui Rio, em relação à taxa Robles, que visa combater a especulação imobiliária. E até que “foi, inclusivamente, a direção do partido que propôs ao presidente a transformação da sua ideia em proposta concreta, a apresentar em sede de debate do Orçamento de Estado para 2019”. Na semana passada, o líder do PSD defendeu que o partido apresente uma proposta para que a taxa de IRS sobre mais-valias seja diferenciada em função do número de anos que separam a compra e a venda de imóveis.

A Direção Nacional do Partido Social Democrata está globalmente coesa, compreendeu exatamente a ideia transmitida pelo seu presidente no que concerne à necessidade de combater a especulação imobiliária e concorda com esse objetivo político – que, em nome do interesse público, não pode deixar de o ser, apenas porque um outro partido também o entende como necessário”.

Na quarta-feira, numa reunião do Conselho Nacional do partido nas Caldas da Rainha, ouviram-se muitas vozes críticas relativamente ao modo de atuação do líder do partido.

Verniz começou a estalar. Críticas a Rui Rio dominam conselho nacional do PSD