Jamal Khashoggi terá aguentado sete minutos de tortura. As conclusões chegaram com a divulgação de uma gravação de áudio captada no dia 2 de outubro na embaixada da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, onde o jornalista saudita crítico do regime se dirigiu para tratar dos papéis para casamento com a noiva e nunca mais voltou.
“Façam isso lá fora, vão colocar-me em sarilhos”, terá dito o Cônsul Geral saudita, Mohammed al-Otaibi, durante o alegado assassinato do jornalista. As palavras foram divulgadas pelo jornal turco próximo do Governo, Yeni Safak. “Se queres viver quando voltares para a Arábia, então cala-te”, respondeu um dos 15 agentes que estariam à espera que o jornalista aparecesse no consulado.
Segundo o The New York Times, depois de ter sido levado para o escritório da embaixada, os agentes prenderam Jamal Khashoggi e, quase imediatamente a seguir, terão começado a espancar e a torturar o jornalista, começando por cortar os seus dedos, tendo depois cortado o corpo de Jamal Khashoggi em partes, quando este ainda estaria vivo. Enquanto faziam isto, indicam novas informações, um médico forense que terá sido levado para o crime deu um conselho aos agentes: colocar os headphones e ouvir música para aliviar a tensão ao fazer o trabalho.
A divulgação desta gravação surge no mesmo dia em que o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo está de visita à Turquia, onde reuniu em separado com o presidente, Recep Tayyip Erdogan, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu. Não houve qualquer declaração pública depois destes encontros.
Depois de uma investigação preliminar, as autoridades turcas revelaram acreditar que Khashoggi foi morto no interior do consulado e que o seu corpo terá depois sido cortado em partes. Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, avançou esta terça-feira que a polícia estava à procura de materiais “tóxicos e apagados com tinta”, porque algumas áreas do consulado saudita de onde Khashoggi desapareceu foram pintadas de fresco.