O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo ao três primeiros trimestres de 2018 vem confirmar aquilo que tem sido uma tendência nos últimos anos: a descida, de uma forma geral, da criminalidade global e violenta. Ainda assim, alguns crimes registaram uma subida face ao mesmo período de 2017, como é o caso dos homicídios, das burlas e das extorsões.

Os dados, ainda que provisórios, avançados pelo Diário de Notícias, revelam uma tendência que deverá manter-se até dezembro e indicam de antemão o resumo anual que poderá ser feito no final de 2018. Até ao final do mês de setembro, foram assassinadas 88 pessoas, mais 20 do que no período homólogo de 2017 — o que representa uma subida de 35% –, mais seis do que o número total de 2017 e mais 12 do que o número registado no final de 2016. Contudo, e mesmo tendo em conta que este número engloba mais 20 casos do que acontecia em igual período do ano passado, teriam de ocorrer mais 110 homicídios até ao final do ano para que a percentagem de crescimento se mantivesse nos 35%.

Apesar do aumento significativo do número de homicídios, Portugal continua a ser um dos países do mundo com a menor taxa de crimes deste tipo, como explica um dos analistas policiais responsáveis pelo RASI, ouvido pelo DN. “É um fenómeno flutuante. É um crime, em Portugal, dos mais baixos em termos mundiais. Qualquer variação representa uma alteração percentual elevada. Será sempre, no entanto, motivo de preocupação e merecerá toda a atenção”, refere.

Ainda no setor da criminalidade violenta, o relatório verificou também um aumento considerável das extorsões, com cerca de mais cem casos do que no mesmo período de 2017 (equivale a mais 37%). A manter-se esta tendência até ao final do ano, regista-se uma inversão daquilo que tinha sido verificado no ano passado e que apontava para uma descida de mais de 28% face a 2016. “A extorsão está muito ligada a questões de ameaças ou a violência para a obtenção de algo ou até questões relacionadas com acesso a informações privadas em que se ameaça publicitar”, explicou ao DN outro analista policial.

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Os assaltos a casas também aumentaram, cerca de 7% — noutra inversão de uma tendência de queda que vinha a verificar-se desde 2013 – mas, no geral, os crimes de roubo caíram 11%.

Já na criminalidade geral, as burlas são o crime que registou o maior aumento: 18% em burlas com fraude bancária e 16% em burlas informáticas e de comunicações, que significa uma subida global de 4% face ao período homólogo de 2017. Nestes números englobam-se, principalmente, burlas através de compras na internet. A contrário do que acontece com os homicídios e as extorsões, este aumento é coerente com os números registados nos últimos anos – já em 2017 a burla tinha sido um dos crimes que mais tinham crescido, tendo sido registados mais 4037 casos do que em 2016, uma subida de mais de 47%.

Os crimes com maiores descidas face ao período homólogo do ano passado são os de fogo posto florestal (caiu cerca de 32%), furtos por carteiristas (menos 8%) e ainda o furto de metais não preciosos (menos 8%). Já na criminalidade violenta, assinalam-se as reduções dos roubos a lojas e a edifícios industriais (desceram cerca de 25%), roubos na via pública que não por esticão (menos 15%) e roubos em transportes públicos (menos 13%).

Outra redução significativa prende-se com os assaltos a caixas ATM. Até ao final de outubro, foram registados 22 roubos – o que, comparado com os 144 do mesmo período de 2017, representa uma diminuição recorde de 85%.