“Olhem para a mudança radical de ambiente em Portugal”. Foi esta a frase que Frans Timmermans reservou para o Governo de António Costa no seu discurso desta terça-feira. O comissário holandês falava à imprensa depois de ter ficado a saber que a sua candidatura à presidência da Comissão Europeia seria a única no seio dos socialistas europeus. Ontem, o eslovaco Maros Sefcovic desistiu e deixou Timmermans sozinho na corrida. Na primeira intervenção depois da retirada do adversário, quis destacar Portugal e Espanha. Dois exemplos que podem “devolver a esperança” aos socialistas europeus.

Os dois países ibéricos foram os únicos que mereceram uma menção na sua curta declaração – são hoje dos poucos governos liderados por socialistas na Europa. O foco de Timmermans foi o combate ao crescimento dos nacionalismos e a “necessidade” de apresentar, como alternativa, um projeto sólido e coerente, que permita aos eleitores confiar num continente unido e não num “ajuntamento de pequenos estados com fronteiras e regras próprias”.

Este contexto, entende, reveste as próximas eleições para o Parlamento Europeu, que acontecem em maio do próximo ano, de uma importância única. “Será o ato eleitoral mais importante desde 1979 [ano das primeiras eleições europeias]”, afirmou.

Identificou os problemas da União Europeia, mas não ilibou de culpas os socialistas europeus. “Devemos ser muito críticos sobre o que fizemos no passado e precisamos de melhorar a forma como trabalhamos. É necessário criar um projeto que abra caminho para que se alcance uma sociedade mais justa”, disse Timmermans. O combate ao nacionalismo terá de ser feito paralelamente. “É preciso combater os políticos que defendem os ideais nacionalistas e não os eleitores que, por desespero, lhes confiam o voto”, concluiu.

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O holandês passa assim a ser o spitzenkandidat dos socialistas europeus. Na prática, significa que se a família socialista europeia for a mais votada nas próximas eleições europeias, Timmermans será o nome indicado pelo Parlamento Europeu para presidir à Comissão Europeia.

O papel de António Costa na “solução de candidato único”

Já ontem, através de comunicado, o líder do Partido Socialista Europeu (PSE), Sergei Stanishev, se tinha congratulado com o facto de os socialistas já terem encontrado o seu candidato. Sobretudo em vésperas de o Partido Popular Europeu (PPE) escolher o seu representante. Os partidos de centro-direita europeus reúnem-se em Helsínquia esta semana – dias 7 e 8 – para escolher entre Manfred Weber e Alexander Stubb. Na nota, Stanishev dedicou um agradecimento particular a António Costa.

Gostaria de agradecer a todos os líderes e partidos membros do PSE pelo seu contributo para o processo do candidato comum, e estou particularmente grato ao primeiro-ministro português e líder do PS Portugal, António Costa, que conduziu o diálogo”, escreveu Stanishev.

O presidente do PSE está confiante e assegura que o partido tem “um forte candidato, Frans Timmermans”, alguém que “representa uma mudança de direção para a Europa e irá colocar a justiça social, a igualdade e a sustentabilidade no coração do programa eleitoral” dos socialistas europeus.

O holandês Frans Timmermans, que é atualmente vice-presidente da Comissão Europeia, liderada por Jean-Claude Juncker, será confirmado como spitzenkandidat no Congresso do PSE, que se realiza entre 6 e 7 de dezembro em Lisboa.