Ian David Long parou o carro à porta do Borderline Bar & Grill, na Califórnia. Eram cerca das 23h20 e o carro era da sua mãe. Chegou com o corpo tatuado vestido de preto — camisola, boné e óculos. Vinha armado com uma arma Glock 21 de calibre 45. Instantes depois, usou-a para atingir mortalmente 12 pessoas — incluindo um agente da polícia que entrou para travar o tiroteio. Atirou sobre as pessoas sem dizer uma única palavra. No final, foi encontrado morto — as autoridades presumem que terá disparado sobre si próprio.

Não era a primeira vez que Ian Long encarava a polícia. O homem de 28 anos, nascido a 27 de março de 1990, teve vários casos recentes, o último dos quais em abril. Ian estava a gritar e a bater nas paredes da casa onde vivia com a mãe. Os vizinhos temeram que pudesse atentar contra si próprio e ligaram o 911 — número de emergência nos Estados Unidos.

Em abril, a polícia foi chamada à casa de Ian porque ele estava a gritar e a bater nas paredes. (Foto: DR)

O caso exigiu a intervenção da equipa especial que gere situações de crise. As autoridades descreveram o comportamento de Ian Long como sendo “irado e irracional” e suspeitaram que pudesse sofrer de stress pós-traumático devido à sua experiência militar (já lá vamos). O homem chegou a ser avaliado por uma equipa de profissionais de saúde mental, mas ficou em liberdade — foi considerado que não estava na posse das suas melhores faculdades mentais.

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“Os agentes foram à sua casa e falaram com ele. Estava algo irado, a agir um pouco de forma irracional”, explicou o responsável da polícia de Ventura County. “Os especialistas falaram com ele. Não sentiram que ele estivesse qualificado para ser detido. Os especialistas de saúde mental libertaram-no naquele dia”, disse ainda.

Além deste episódio, Ian Long teve outros menores com as autoridades: uma confusão num bar em Thousand Oaks — o mesmo local onde agora feriu mortalmente 12 jovens –, em 2015, e dois acidentes de automóvel.

Militar no Afeganistão e fã de baseball

Quando Ian Long disparou sobre jovens universitários no bar na Califórnia, muitas testemunhas deram conta do à-vontade que tinha com a arma — recarregou-a, rapidamente, pelo menos uma vez e apontou com precisão. Ficou depois a saber-se que serviu os Marines norte-americanos entre agosto de 2008 e março de 2013, de acordo com os registos do Departamento de Defesa referidos pela CNN.

As autoridades suspeitam que Ian Long sofra de stress pós-traumático depois de ter sido militar por cinco anos. (Foto: DR)

O próprio Ian Long publicou, em março de 2017, sobre a sua experiência militar num fórum de forças especiais chamado ShadowSpear. Foi por lá que confirmou que serviu no Afeganistão, que foi atirador de infantaria durante quatro anos e meio e foi instrutor em Okinawa, no Japão.

“Fui dispensado honrosamente em 2013. Daqui a dois meses vou estar formado em treino atlético”, disse na altura. Curtis Kellogg, que esteve com o atirador no Afeganistão, referiu, citado ainda pela CNN, que Ian tinha “um grande sentido de humor” e que, “tal como muitos marines, podia ficar sombrio por vezes , como todos nós”.

Kellogg referiu ainda que Ian “estava entusiasmado” para sair do Afeganistão e regressar a casa “para conduzir a sua mota e terminar a escola”. O atirador de Thousand Oaks frequentou a Universidade da Califórnia entre 2013 e 2016, frequentava o curso de treino atlético — mas não o terminou, como confirmou Carmen Ramos Chandler, responsável daquela instituição de ensino.

Mãe vivia “com medo”

Ian Long era fanático pelo Los Angeles Dodgers, equipa californiana de baseball, e vivia em Newbury Park, perto da Califórnia, com a mãe Colleen — que publicou, na sua página de Facebook, várias imagens do filho em trajes militares. Um vizinho do atirador garantiu à CNN que Colleen “vivia com medo” do que Ian pudesse fazer e referiu também que, quando a polícia foi chamada à casa do atirador, em abril, e ele demorou “meio dia a sair de casa”.

A mãe de Ian vivia com medo que o filho atentasse contra si próprio e não sabia como o ajuda. (Foto: DR)

O mesmo vizinho contou que a mãe de Ian estava preocupada com o filho, embora não temesse pela sua própria segurança. “Ela não sabia o que fazer porque ele não deixaria ser ajudado”, garantiu.