O vice-primeiro-ministro italiano, Luigi di Maio, “garantiu” esta sexta-feira a manutenção da Itália no euro e defendeu o projeto de orçamento do país, apesar da sua rejeição pela Comissão Europeia. “Enquanto vice-primeiro-ministro do Governo garanto que a Itália não vai sair da zona euro”, declarou Di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S, definido como uma formação antissistema).

“O tempo para sair do euro terminou, já o tinha referido” antes das eleições legislativas de 4 de março, assinalou ainda Di Maio, um das duas figuras em destaque na maioria governamental juntamente com a Liga (extrema-direita) de Matteo Salvini. “Os tempos mudaram: durante o ano passado, ganhei confiança no facto de que era necessário permanecer na zona euro”, acrescentou durante uma conferência de imprensa com média estrangeiros em Roma.

Ao defender o projeto de orçamento para 2019, rejeitado pela Comissão Europeia e que prevê um défice público de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, Di Maio afirmou que, ao contrário dos anteriores executivos, “partimos com 2,4% e chegaremos com 2,4%”.

Na quinta-feira, a Comissão Europeia considerou que o défice atingiria 2,9% em 2019, e que ultrapassaria os 3% nos anos seguintes. “Sinceramente, pretendo explicar [à Comissão] que a cifra de 2,4% é um máximo”, respondeu Di Maio, acrescentando que as previsões avançadas neste âmbito por Bruxelas não são pertinentes.

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O ministro italiano das Finanças, Giovanni Tria, tinha já lamentado na quinta-feira o “falhanço técnico” da Comissão nas suas estimativas de crescimento relacionadas com a Itália.

O Governo populista italiano considera que este projeto de orçamento, que inquieta diversos países europeus e os mercados financeiros, permitirá um regresso ao crescimento, indispensável num país que nesta área figura na última posição entre os parceiros da zona euro. “É necessário sair da armadilha do fraco crescimento”, explicou esta sexta-feira Tria perante uma comissão parlamentar, citado pela agência noticiosa AFP.

O ministro, apesar de um recuo observado no terceiro trimestre, continua a admitir um crescimento do PIB de 1,5% para 2019, um número considerado demasiado otimista por Bruxelas, que aponta para 1,2%. Tria assegurou que as despesas suplementares contidas no orçamento de 2019 permitam uma retoma do crescimento de 0,6 pontos percentuais, uma estimativa “prudente”, insistiu.

O responsável pelas Finanças do país transalpino confirmou que os “fundamentos” deste projeto vão permanecer sem alterações, enquanto a Comissão Europeia forneceu à Itália um prazo até 13 de dezembro para alterar o seu projeto, sob pena de cometer uma infração e ser submetida ao pagamento de uma multa.

Di Maio disse não acreditar nesta eventualidade, mas antes “no diálogo com Bruxelas”, indicou ainda a AFP. No entanto, os mercados financeiros permanecem preocupados por este projeto de um orçamento em expansão num país onde a dívida já ultrapassa aos 130% do PIB, o nível mais elevado na zona euro após a Grécia.

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