Imelda Cortez, uma jovem de El Salvador, deu à luz um bebé de um violador — o padrastro — e enfrenta uma pena de prisão de 2o anos. A criança sobreviveu mas a jovem é acusada de tentativa de homicídio e o julgamento começa esta segunda-feira com a presença de três juízes, avança o jornal britânico The Guardian.
O caso remonta a abril de 2017, quando Imelda Cortez, proveniente de uma família rural de San Miguel, foi levada para o hospital pela mãe depois de esta descobrir que a filha estava com dores muito fortes e a sangrar. Quando chegou ao hospital foi vista por um médico, que suspeitou imediatamente de tentativa de aborto e chamou a polícia, dado que o país tem legislação rígida contra o aborto.
A situação motivou uma campanha de solidariedade para que Imelda fique em liberdade. “Esta é a injustiça mais extrema e escandalosa contra uma mulher que eu já vi”, afirmou Bertha María Deleón, uma das advogadas de defesa de Cortez, em declarações ao jornal inglês. “O Estado violou repetidamente os direitos de Imelda como vítima; ela está profundamente afetada, mas negou acompanhamento psicológico”, finalizou.
A mulher terá sido violada pelo padrasto desde os 12 anos e não sabia que estava grávida. Segundo o jornal inglês, o bebé sobreviveu e, depois de Imelda ter estado durante uma semana no hospital, foi levada para a cadeia. O aborto é ilegal em todas as circunstâncias no país e a proibição leva à perseguição agressiva das mulheres.
Enquanto estava hospitalizada, o padrasto, de 70 anos, visitou a vítima e ameaçou matá-la a si e aos seus familiares, caso ela o denunciasse. A situação foi presenciada por outro paciente que terá ouvido e chamado a enfermeira, que, posteriormente, chamou a polícia.
A acusação acusou Imelda de estar a mentir. Ainda assim, os testes de ADN (em português, ácido desoxirribonucleico) comprovaram que o padrasto é o pai do bebé.
A vítima foi, ainda, sujeita a vários testes que comprovaram que tinha um défice cognitivo e emocional, mas rejeitou qualquer acompanhamento psicológico. Espera-se que haja uma decisão dentro de uma semana.
Apenas cinco países do mundo criminalizam o aborto sob todas as circunstâncias: El Salvador, Malta, o Vaticano, Nicarágua e a República Dominicana.