Um juiz federal ordenou que fosse devolvida a acreditação de Jim Acosta, o jornalista da CNN que foi impedido de voltar a entrar na Casa Branca na sequência de uma troca de palavras com o Presidente, onde este acusou Acosta de ser “mal-educado” e mau profissional.

A decisão surgiu na sequência de uma moção apresentada pela CNN num tribunal, pedindo que fosse devolvida temporariamente a acreditação de Acosta até o processo judicial que está em curso ter uma decisão final, segundo avança a própria cadeia de televisão. Esta tinha sido retirado na sequência de um momento de tensão entre Acosta e o Presidente, Donald Trump, numa conferência de imprensa após as eleições intercalares.

Casa Branca tira acreditação a jornalista da CNN que discutiu com Trump e acusa-o de ter “posto as mãos” numa estagiária

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O juiz Timothy J. Kelly não tomou ainda uma decisão final sobre o processo de base, onde a CNN acusa o Presidente Donald Trump e a Casa Branca de terem violado os direitos do jornalista relacionados com a Primeira e a Quinta Emenda, invocando violação do direito de liberdade de expressão e de imprensa. O juiz não tomou ainda uma decisão final sobre o processo, mas ordenou que a acreditação seja devolvida “temporariamente” até tomar uma decisão.

Isto significa que o jornalista poderá voltar a trabalhar na Casa Branca, pelo menos no curto prazo. Para além de ter sido proibido de voltar a entrar no edifício, a Casa Branca acusou o jornalista de ter tentado agredir uma estagiária enquanto tentava colocar perguntas ao Presidente. Para prová-lo, partilhou um vídeo que, de acordo com alguns órgãos de comunicação, terá sido manipulado.

Casa Branca aceita decisão, mas vai decidir sobre os jornalistas que têm acesso a eventos

Já esta tarde, depois da decisão do tribunal, a Casa Branca emitiu um comunicado onde confirmou que irá “temporariamente restabelecer a acreditação ao repórter”. Porém, a nota adverte que a Casa Branca vai também “desenvolver regras e processos para assegurar conferências de imprensa justas e ordeiras no futuro”. No comunicado, Donald Trump recorda que tem “ampla discrição” para determinar quem tem direito a assistir a eventos presidenciais na Casa Branca. E conclui: “Tem de haver decoro na Casa Branca”.

Brian Stelter, o correspondente-chefe da CNN, disse, numa emissão da estação televisiva, que a situação está longe de resolvida, apesar de Jim Acosta ter recebido o seu passe, e lembrou que o Presidente ao querer decidir quem pode assistir às suas conferências de Imprensa continua a limitar a liberdade de Imprensa.

Num encontro com jornalistas esta tarde na Casa Branca, Donald Trump também comentou o caso, repetindo as palavras do comunicado. “Estamos a preparar regras e regulamentos. Temos de praticar o decoro. Queremos liberdade total da imprensa, estamos a preparar um certo padrão, que é o que o tribunal pede”, disse.

A Associação de Correspondentes da Casa Branca saudou a decisão do tribunal, “na qual um juiz federal tornou claro que a Casa Branca não pode revogar arbitrariamente uma acreditação de imprensa”. “Agradecemos a todos os meios de comunicação social e repórteres individuais que se bateram nos últimos dias pelo papel vital que uma imprensa livre e independente tem na nossa república”, lê-se na nota.

Jim Acosta já esteve presente numa conferência de imprensa esta tarde na Casa Branca. À chegada, foi saudado pelos colegas e declarou: “Gostaria de voltar ao trabalho”.