Miguel Oliveira despede-se este fim de semana do Moto 2. O piloto português, que há duas semanas se sagrou vice-campeão mundial da categoria, vai saltar para o Moto GP já na próxima temporada para representar a francesa Tech 3, a equipa satélite da KTM. Mas, antes disso, falta o Grande Prémio de Valência de Moto 2: e se no título individual está tudo decidido – porque Francesco Bagnaia já é campeão mundial – na competição de construtores Miguel Oliveira ainda pode levantar um troféu.
A Red Bull KTM Ajo, a equipa do piloto natural de Almada, tem à entrada para o último GP da temporada 22 pontos de vantagem sobre a Sky Racing Team VR46, a equipa de Bagnaia – cujo dono é Valentino Rossi e segundo piloto é Luca Marini, meio-irmão do recordista piloto italiano. Na conferência de imprensa de antevisão do Grande Prémio de Valência, – que o português já venceu por duas vezes, uma em Moto 2 e outra em Moto 3 – Miguel Oliveira garantiu que vai “lutar por esta última vitória e pelo título de equipas” mas reconheceu que “todos sonham em competir no Moto GP”.
“Espero desfrutar da prova de Valência e, acima de tudo, deixar a equipa com mais uma vitória. Este é um circuito que se adapta bem à KTM e à minha pilotagem. É a minha última corrida com a família Red Bull KTM Ajo. Foram três anos incríveis. Por um lado, estou triste por deixar esta família, uma equipa que me deu tantas vitórias e tantos pódios. Por outro, estou entusiasmado por enfrentar uma nova categoria e um novo desafio”, afirmou o piloto de 23 anos.
Miguel Oliveira quer despedir-se de Moto2 com título mundial de equipas
Durante a conferência de imprensa de antevisão da última corrida do ano, Miguel Oliveira foi ainda o tema de várias perguntas de jornalistas aos outros pilotos. E é caso para dizer que o português tem motivos para ter saído da sala de imprensa com o ego em níveis bastante saudáveis. Valentino Rossi, campeão mundial de Moto GP por sete vezes, garantiu que Oliveira foi “um grande problema durante toda a época”, já que esteve perto de roubar o título a Francesco Bagnaia, o piloto da equipa do italiano.
“Seguimos imenso o Oliveira este ano. É muito forte, é rápido e pode ser um grande piloto de Moto GP porque pode ganhar e ao mesmo tempo nunca comete erros. Este ano não fez qualquer erro e não teve nenhuma corrida a zero. Vai ser interessante tê-lo a ele e ao Pecco [Bagnaia] no Moto GP. Eles vão ter boas motos e podem ser fortes”, afirmou o histórico piloto de 39 anos, que já garantiu que vai continuar a competir na principal categoria de motociclismo pelo menos até 2020.
Estas frases serão particularmente especiais para o português, que já contou em várias entrevistas que cresceu a admirar Valentino Rossi. “Estive no rancho dele em Itália. Perguntava-me várias vezes porque me dava atenção, ele é o deus dos deuses das motos. Tem-se mantido no topo. Com todos os títulos e vitórias há algo especial nele que o faz querer ir mais além”, disse Miguel Oliveira.
Já Marc Marquéz, tricampeão mundial de Moto GP, recordou que Miguel Oliveira “não terminou o Moto 2 da melhor maneira” mas defendeu que o português “vai chegar bem” ao escalão principal. “Conheço o Miguel há muitos anos porque ele cresceu no campeonato espanhol e sigo-o desde então. A sua evolução foi muito boa. É muito trabalhador e quando trabalhas bem para os teus objetivos isso é meio caminho andado”, acrescentou o catalão da Repsol Honda.
Também Jorge Lorenzo, que em 2019 irá juntar-se à Honda para substituir o compatriota Dani Pedrosa – que decidiu retirar-se após 13 temporadas no Moto GP -, comentou a promoção de Miguel Oliveira ao escalão principal e destacou a importância da conquista do piloto de Almada para o desporto português. “Todos seguimos o Miguel há muito tempo. É um dos maiores talentos da sua idade. Competiu com o Maverick Viñales [no campeonato nacional espanhol]. Não conseguiu os mesmos resultados do que eles mas agora está a mostrar todo o seu talento com boas performances. É muito interessante ver um português no Moto GP. É o primeiro da história e é ótimo vê-lo evoluir. Desejo-lhe toda a sorte e uma boa carreira”, disse o piloto espanhol, também ele tricampeão mundial.
O piloto de 23 anos teve a primeira grande experiência em 125cc pela Aprilia, em 2011. Um ano depois, passou para a Suter Honda (a partir daqui em Moto 3), seguindo-se a Mahindra Racing, fazendo história ao conseguir o primeiro pódio de sempre da equipa na Malásia, a 13 de outubro. Dois anos depois, muda-se para a Red Bull KTM Ajo e tem a melhor época de sempre, com seis triunfos, três segundos lugares e o vice-campeonato de Moto 3 com 254 pontos.