A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) pediram aos enfermeiros em greve que se apresentem ao serviço na próxima sexta-feira, dia 21. Lúcia Leite, presidente da ASPE, disse ao Diário de Notícias que tinha enviado “um documento endereçado aos presidentes dos conselhos de administração” a informar que associação tinha pedido aos enfermeiros para trabalharem no dia 21 com o objetivo de “abrir todas as salas cirúrgicas que cada instituição tem em serviços mínimos e dessa forma poder recuperar a lista de doentes urgentes que eventualmente estejam à espera de tempo operatório”.

Nenhum dos sindicatos diz que essa recomendação é uma suspensão da greve, mas confirmam que pretendem reforçar as equipas de serviço no fim de semana por ser véspera de Natal: “Não são tréguas. O que nós vamos fazer, e o que fizemos, foi entregar nos conselhos de administração uma disponibilidade para que os enfermeiros ocupem os tempos de urgência que ainda estão vagos para aumentar o número de equipas”, explicou ao Público Luís Mós do Sindepor.

A posição da associação e do sindicato foi tomada depois de terem olhado para o calendário e percebido que, caso a greve se mantenha tal como está agendada, “iam existir quatro dias sem blocos cirúrgicos a funcionarem sem serviços mínimos para além dos da urgência”, por causa do fim de semana prolongado. Isso “iria por em causa os doentes internados que estão à espera de cirurgias urgentes diferidas e que têm de ser intervencionados”, justificou Lúcia Leite: “Não queremos que isso aconteça por causa dos enfermeiros e a solução que encontramos foi recomendar aos grevistas que se apresentassem todos nesse dia para permitir o agendamento dos doentes urgentes”.

Segundo a presidente da associação, “há uma redução muito grande do número de salas nesses quatro dias”, por isso “os doentes urgentes que estão internados nos hospitais e que precisam de ser intervencionados ficam sem espaço operatório”. Sendo assim, com os serviços mínimos garantidos, ficam salvaguardados “os interesses dos doentes oncológicos e dos doentes com urgências diferidas”, conclui.

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De acordo com a ASPE, os enfermeiros que trabalhem dia 21 vão continuar a estar de greve apesar de estarem de serviço: “Todas as instituições têm salas paradas e o que nós estamos a tentar é que os grevistas aceitem ir trabalhar em serviços mínimos nesse dia, todos, permitindo a abertura de todas as salas para agendar todos os doentes urgentes para que ninguém fique com o seu problema por resolver e veja a sua situação agravar por causa de um fim de semana prolongado de quatro dias”, sublinhou Lúcia Leite ao DN.

Ao Público, o Sindepor acrescenta que o reforço das equipas escaladas para o fim de semana só se aplica “no caso de cirurgias de urgência que começam a acumular-se nos hospitais”: “Nesse sentido demos instruções aos conselhos de administração para que passassem a mensagem aos grevistas. A decisão estará de acordo com a vontade de cada enfermeiro de aumentar esses mínimos e é facultativo que o façam”.

Questionada sobre quando é que a greve dos enfermeiros termina, Lúcia Leite diz que isso só vai acontecer com “um compromisso assinado da ministra da Saúde e do ministro das Finanças Mário Centeno”, afirmou Lúcia Leite. E nem o pedido de desculpas da ministra Marta Temido, que tinha adjetivado de “criminosa” a greve dos enfermeiros, vai mudar os planos: “Nós já estamos cansados de promessas. Prometem-nos as coisas e depois não as cumprem e portanto neste momento só com um compromisso formal e com a condição da publicação da carreira com três categorias até ao final do ano, que está quase”. Se essas promessas não forem cumpridas até ao fim deste ano, os sindicatos já estão a preparar um pré-aviso de greve para janeiro.