A Polícia Judiciária deteve um casal suspeito de ter traficado quatro recém-nascidos entre 2011 e 2017. Em comunicado, a PJ explica que o cidadão português e a cidadã brasileira detidos foram indiciados pela prática de quatro crimes de tráfico de seres humanos.

Os quatro recém-nascidos eram filhos da detida. “Relativamente à paternidade, vai ser necessário testes de ADN para estabelecer a paternidade”, explicou Norberto Martins, diretor da PJ do Norte, numa comferência de imprensa dada esta tarde de quinta-feira, na qual adiantou que a detida “tem mais filhos com ela”. Os suspeitos, de 41 e 45 anos, manteriam uma relação há dez anos embora não vivessem juntos, segundo confirmou fonte da PJ ao Observador.

O casal terá entregue os quatro recém-nascidos “a portugueses que estão emigrados em países estrangeiros como Suíça e França”. A PJ já estabeleceu com as entidade policiais dos países onde se encontram estas crianças. O diretor da PJ do Norte garantiu que as mesmas se encontram em segurança.

Eram famílias normais que queriam ter uma criança e fugir ao ritmo lento do sistema”, adiantou a mesma fonte ao Observador.

O negócio seria feito a troco de “duas dezenas de milhares de euros por criança” e de outras contrapartidas. Os detidos estão também indiciados por quatro crimes de falsificação de documentos. O casal reside na área do Porto e de Vila do Conde, sendo ela pasteleira e ele construtor civil. A suspeita é brasileira mas vivia em Portugal há vários anos.

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A investigação partiu de uma denúncia anónima recebida em dezembro do ano passado que alertava para “uma senhora” que “tinha gravidezes conhecidas dos vizinhos” mas os bebés nunca eram vistos. “A investigação começou com uma denúncia anónima que relatava que uma senhora — que tem mais filhos com ela — tinha gravidezes conhecidas dos vizinhos e que causava alguma admiração que os bebés nunca fossem vistos” explicou Norberto Martins.

“No decurso das diligências de investigação efetuadas durante vários meses, complementadas com buscas domiciliárias efetuadas no dia de ontem [quarta-feira], foi recolhido acervo de matéria probatória relevante relacionada com os factos em investigação”, lê-se no comunicado. Fonte da PJ adiantou ainda que, durante as buscas, foram encontrados “indícios que podem comprovar efetivamente o início da investigação e a sua razão”.

Os dois detidos serão presentes à autoridade judiciária para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas. A PJ ainda está a apurar como é que o casal estabelecia contacto com compradores e não descarta a hipótese de envolvimento de uma terceira pessoa.