Há muito que se fala sobre os benefícios da ingestão do alho, nomeadamente na eficácia contra as doenças cardiovasculares ou na prevenção contra o cancro. Mas, afinal pode não passar de um mito. É o que sugere a investigação realizada pela Nutrimedia, um projeto do Observatório da Comunidade Científica da Universidade Pompeu Frabra (UPH), em Espanha.
Segundo a análise das evidências disponíveis, não se pode estabelecer qualquer relação entre a ingestão do alimento e dos seus benefícios. O estudo revela ainda que faltam estudos científicos “rigorosos” que “ofereçam uma maior confiança” sobre o tema já que segundo a universidade as propriedades anticancerígenas do alho “não estão justificadas”, revela o jornal El Espanhol, citando o comunicado da UPF.
Os estudos realizados até agora são observações que não permitem estabelecer uma relação direta entre os benefícios do consumo de alho e a redução do risco de cancro”, cita o jornal El Espanhol.
Relativamente aos benefícios terapêuticos para o coração, a revista The Cochrane Database of Systematic Review já tinha constatado em 2012 que “não há provas suficientes para determinar que o alho proporciona uma vantagem terapêutica em relação ao placebo [substância sem propriedades farmológicas e que é aplicada como se tivesse propriedades terapêuticas] na redução do risco da mortalidade e morbilidade cardiovascular em pacientes diagnosticados com hipertensão”, cita o mesmo jornal.
A presente análise não sugere um efeito significativo na administração de suplementos de alho sobre a redução dos níveis de lipoproteínas”, revela um estudo publicado pela revista Nutrition, em 2016.
O alho é um alimento muito utilizado na dieta mediterrânica, cultivado há mais de sete mil anos com honras de várias referências literárias e pictóricas. Já na antiguidade se recorria a este alimento. Heródoto (século V antes de Cristo), na sua Obra Histórias, fazia referência à propriedade revigorante no alho. Os atletas olímpicos da Grécia Antiga ingeriam o alimento para se fortalecerem.
O estudo conta com a parceria do Centro Cochrane Iberoamericano e da Fundação Espanhola para a Ciência e Tecnologia (FECYT).