Um conjunto de cientistas considera que o “ataque acústico” que atingiu a embaixada dos Estados Unidos em Havana, Cuba, pode ter sido provocado pelo som de grilos, noticia esta segunda-feira o jornal britânico The Guardian. O ataque ocorreu em 2017 e provocou sintomas misteriosos entre os funcionários da embaixada, como perda de audição, náuseas e dores de cabeça.
Uma nova análise à gravação, divulgada na altura pela agência Associated Press, revelou o que os cientistas americanos e britânicos acreditam ser, afinal, o cantarolar do Anurogryllus celerinictusm, uma espécie de grilo de cauda curta da Índia.
A gravação é definitivamente um grilo que pertence à mesma espécie”, afirma Fernando Montealegre-Zapata, um professor de biologia sensorial na Universidade de Licoln.
Segundo o investigador, o cantarolar desta espécie é de cerca 7 Hertz, “o que dá aos seres humanos a sensação de um contínuo trinado agudo” sendo o som extremamente parecido com as descrições feitas pelos diplomatas, explica ao jornal britânico. Ainda assim, o facto de os investigadores terem identificado a fonte sonora não significa que tenham sido descobertas a causa e a natureza dos problemas de saúdes associados ao ataque.
Em março do ano passado e após vários testes, uma equipa de investigadores da Universidade da Pensilvânia descobriu que os diplomatas terão sofrido uma série de lesões semelhantes a concussões — efeitos decorrentes de uma pancada violeta —, no entanto, outros investigadores colocaram em causa estas conclusões, afirmando que os investigadores tinham interpretado mal os resultados dos testes. Na altura, nem todos os diplomatas relataram os mesmo sons e as descrições dos ruídos diferiam de pessoa para pessoa.
Alexander Stubbs, professor na Universidade da Califórnia e co-autor do estudo, adiantou que o som do grilo de cauda curta se mostrou bastante parecido com a gravação. Apesar das semelhanças, contudo, o som gravado em Havana tinha uma estrutura de pulso desigual que não é vista nestes animais.
Ainda assim, esta discrepância pode ser explicada nos ambientes onde as gravações foram feitas, dado que os cientistas registam habitualmente o cantarolar dos grilos no exterior e a gravação em Havana foi feita em ambiente fechado. Para testarem essas diferenças, os cientistas colocaram um grilo da espécie Anurogryllus celerinictusm a cantarolar numa sala fechada e verificaram que os sons se tornaram ainda mais parecidos.