Ajustou-se aos tempos e ditames, prestou-se e sobreviveu a polémicas, mas é certo que chegará ao cinema na mais original das versões: loura e elegante, estereótipo que lhe valeu valentes doses de glamour e equivalentes dores de cabeça. Depois da comediante Amy Shumer, o primeiro nome avançado, se ter afastado do projeto em 2017, e de a hipótese Anne Hathaway ter vindo à baila, caberá por fim à atriz Margot Robbie (“O Lobo de Wall Street”, “Eu, Tonya”) dar vida à famosa boneca Barbie no grande ecrã.
Robbie irá ainda assumir a produção através da sua própria empresa, a LuckyChap Entertainment. A longa metragem com atores de carne e osso deverá estrear-se apenas em 2020, resulta da parceria com a Warner Bros e a Mattel, que detém os direitos da Barbie, e para a atriz de 28 anos “promove a confiança, curiosidade, e comunicação naquele que é um processo de auto-descoberta de uma criança”.
Mas enquanto se compõe o figurino do filme –falta realizador, título e data certa para o lançamento — um dos brinquedos mais populares do mundo chegará à marca dos 60 anos já em março. A história devolve-nos ao ano de 1959 e à feira de brinquedos de Nova Iorque, quando esta criação de Ruth Handler, co-fundadora da Mattel, que se inspirou nas brincadeiras da sua prole, foi apresentada pela primeira vez ao mundo (estima-se que as primeiras edições excedam hoje os 20 mil dólares em termos de valor de mercado).
Hoje uma ilustre sexagenária, a Barbie multiplicou-se em mais de um mil milhão de unidades espalhadas pelo globo, conquistando até os mercados mais sensíveis como o saudita, onde acabaria por levar a melhor às proibições de 1995 e 2003, sem comprometer a atração que sempre despertou. De resto, entre as inovações da boneca ao longo dos anos, que incluem alterações nas formas, figurinos, e até nas profissões desempenhadas, conta-se a aproximação ao mundo árabe através de um visual pensado ao pormenor.
Segundo a Mattel, a cada dois segundos é vendida uma Barbie no mundo, e todos os anos 58 milhões de exemplares chegam a lares de 150 países. E se o seu compromisso com a evolução nos costumes é visível em inúmeros aspetos, não é menos verdade que a eterna namorada do Ken se mantém a leste de rugas e outras inevitabilidades do envelhecimento, por mais benevolente que o processo possa ser. Nada que atormente a marca e os seus variadíssimos desdobramentos — em 2017 a Barbie ganhava mesmo uma edição de luxo com selo da Assouline dedicada ao seu estilo. Afinal, há contrariedades bem maiores no horizonte. Em dezembro passado, o The New York Times elencava os principais desafios e saídas de emergência para a Barbie em particular, e para o universo dos brinquedos como este no geral, a braços com a feroz competição dos jogos de vídeo, tablets e outras predileções dos mais pequenos em pleno século XXI.