A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) pediu aos deputados que não deixem passar o diploma do Bloco de Esquerda que pretende legalizar a canábis para fins recreativos. Ignorando que o PAN também apresentou uma proposta no mesmo sentido, a associação apela ao “bom senso” dos parlamentares e cataloga o chumbo como sendo um ato de “responsabilidade política”. Os projetos de lei de BE e PAN vão estar em discussão no Parlamento na próxima quinta-feira, dia 17.
Deputados debatem na próxima semana legalização da canábis para uso recreativo
Através de comunicado, os médicos católicos de Portugal recordam que há vários “estudos, de diferentes áreas médicas”, que comprovam que o uso da canábis está “associado a alterações estruturais e funcionais no sistema nervoso central, com consequências nefastas para a saúde psíquica, e com riscos aumentados em casos de consumo prolongado ou desde idade precoce”.
Embora as propostas de Bloco de Esquerda e do PAN sejam diferentes, ambas pretendem que o consumo para fins recreativos seja legalizado. Algo que para esta associação “não se justifica”, já que, entende, “o mais importante para a saúde pública é que esse consumo seja evitado”.
Além dos argumentos científicos, a AMCP recorre ainda a uma citação do Papa Francisco para exigir ao Parlamento que não permita que os projetos vejam a luz do dia: “A droga é um mal e ante o mal não se pode ceder nem ter compromissos”.
De acordo com a edição de sábado do jornal Expresso, o diploma vai ser travado, já que o número de deputados tanto do PS como do PSD que estão abertos a aprovar os diplomas não são suficientes para atingir a maioria simples do hemiciclo — 116 votos. Em junho passado, o Parlamento aprovou o uso terapêutico de canábis. Então, o debate também tinha sido suscitado pelas propostas do Bloco de Esquerda e do PAN. O CDS foi o único partido a abster-se.