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Rankings. Os melhores e os piores resultados do ensino secundário em 9 gráficos

Este artigo tem mais de 5 anos

As escolas secundárias apresentaram, de forma geral, piores resultados do que no ano anterior. E ter melhores resultados nos exames não implica ter os melhores percursos de sucesso.

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RAQUEL MARTINS/ OBSERVADOR

RAQUEL MARTINS/ OBSERVADOR

Quase sem surpresa, as listas que ordenam as escolas pelos resultados dos exames nacionais no final do ensino secundário voltam a ter nos 10 primeiros lugares 10 escolas privadas. Aliás, nos 30 primeiros lugares só aparece uma escola pública — no ano passado não havia nenhuma. Mas quando a ordenação é feita pelos percursos de sucesso — ou seja, os alunos que têm positiva nos exames de 12.º ano sem terem chumbado no secundário —, as escolas privadas (até as que têm melhores notas nos exames) tendem a cair nos rankings.

A partir dos rankings construídos pelo Observador com a Nova School of Business and Economics (Nova SBE), preparámos seis tabelas para conhecer os melhores e os piores resultados nas escolas públicas e privadas. Aproveite para verificar quão diferentes são os resultados, para cada escola, entre a ordenação com base nos exames e aquela que é feita com base no percurso de sucesso. Se quiser ter uma visão mais geral dos rankings ou encontrar uma escola específica, veja as listas completas aqui.

Estar bem classificado nos exames não significa um bom percurso de sucesso

Se uma das ordenações, a clássica, se baseia exclusivamente na média das notas dos exames finais, outra baseia-se numa combinação da avaliação interna (feita pelo professor) combinada com a avaliação externa (do exame). Assim, não se premeia nem a retenção forçada, nem a seleção dos alunos que chegam ao 12.º ano, defende o Ministério da Educação.

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As escolas privadas que ocupam os lugares cimeiros do ranking por exames não conseguem tão bons resultados no ranking dos percursos de sucesso. Na verdade, há uma única escola privada que aparece em ambos os top 10: o Colégio da Rainha Santa Isabel, em Coimbra. O primeiro lugar na ordenação dos exames — o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto — também não ficou mal classificado nos percursos de sucesso (25º lugar).

Nos primeiros 50 lugares só há nove escolas públicas

Na ordenação por exames, é preciso descer na lista até ao 29.º lugar para encontrar a primeira escola pública, que tem uma média nos exames de 12,93 valores, contra 15,51 do primeiro lugar das escolas privadas. Depois, é preciso analisar 51 lugares para se reunir as 10 escolas públicas com melhores resultados nos exames.

Além das médias dos exames e das notas internas (dadas pelos professores, sem considerar o exame), as tabelas das escolas públicas do continente também têm dados de contexto. Estudos anteriores têm demonstrado que o perfil sócio-económico dos alunos e a escolaridade das mães são dois fatores que influenciam os resultados académicos.

Para as 10 escolas públicas que têm os melhores resultados nos exames de 12.º ano, estima-se que, em média, as mães tenham completado o ensino secundário. Já o recurso ao apoio da ação social escolar (ASE) parece ser mais variável neste conjunto de escolas, com a escola que se encontra em 8.º lugar a ter apenas 7,90% com ASE, a escola que se encontra em primeiro com 14,50% e uma escola, a que está em 10.º lugar, a chegar aos 32,60% — mais do que muitas escolas que estão nos últimos lugares da tabela, como veremos em seguida.

15 escolas privadas abaixo do meio da tabela geral dos exames

No total das escolas que fazem parte da ordenação (529), as escolas privadas representam 83 linhas, mas não estão todas em lugar de destaque, no que diz respeito aos resultados dos exames. Há 15 escolas privadas que estão abaixo do meio da lista e nove delas estão entre os piores 100 resultados.

Ainda assim, as médias negativas nos exames das escolas privadas são melhores do que as médias também negativas das escolas públicas do fundo: sete escolas privadas (contra 76 públicas) têm nota média dos exames abaixo de 9,5 valores e a nota mais baixa é 8,47 valores (contra 7,39 na escola pública).

Escolas públicas com negativas mais baixas

Não só existem mais escolas com médias negativas nos exames entre as escolas públicas, como as notas negativas são mais baixas. A média mais baixa nas escolas privadas é de 8,47 valores, mas o primeiro lugar dos 10 que ocupam o fundo da tabela nas escolas públicas só tem média de 8,30 nos exames.

A diferença entre a média dos exames e a nota interna nas escolas públicas com piores resultados também é grande: em média, 5 valores. Nas escolas privadas com piores resultados nos exames, a diferença média entre exames e nota interna é 4,2, mas nas escolas públicas com os melhores resultados a diferença é de 1,9. Significa isto que o desempenho do estudante durante o ano e no exame é mais semelhante nas escolas públicas do que nas privadas.

Considerando que a habilitação das mães pode ser um indicador do sucesso dos alunos, verifica-se que, nas escolas públicas com melhores resultados nos exames, as mães destes alunos completaram (em média) o secundário. Nas escolas com os piores resultados, completaram (em média) o 9.º ano. Para compreender os valores apresentados nas tabelas: o valor indicado é a média de anos de formação das mães, ou seja, 6 corresponde a 6.º ano, 12 a 12.º ano e todos os valores acima de 12 correspondem à frequência universitária.

Duas privadas com bons resultados nos exames e nos percursos de sucesso

Nas 10 escolas com os melhores indicadores de sucesso só há quatro escolas privadas, mas duas delas têm simultaneamente um bom resultado nos exames e no percurso de sucesso — são elas o Colégio da Rainha Santa Isabel (Coimbra) e o Colégio São Tomás (Lisboa).

Das seis escolas públicas no top 10 do ranking de sucesso, nenhuma apresenta muito bons resultados na classificação baseada na média dos exames. O melhor caso é a Escola Secundária de Porto de Mós, em 10.º lugar no ranking de sucesso e 88.º no ranking dos exames.

Os percursos diretos de sucesso (na tabela apresentados como “promoção do sucesso escolar”) são definidos como “a percentagem de alunos que não tiveram retenções nos 10.º e 11.º anos de escolaridade e, cumulativamente, obtiveram classificação positiva nos exames nacionais das duas disciplinas trienais do 12.º ano, três anos após o ingresso no secundário”, conforme o documento apresentado com base nos dados da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) e Júri Nacional de Exames (JNE). Para este ranking foram comparadas 496 escolas.

Mas mais interessante é analisar a progressão dos alunos (ver na tabela) que apresenta o desvio (positivo ou negativo) dos alunos de uma determinada escola em relação aos alunos com os quais se podem comparar, ou seja, que têm o mesmo perfil à entrada no ciclo educativo — como o nível académico e o contexto sócio-económico. Aqui destaca-se a Escola Básica e Secundária de Felgueiras (Pombeiro) — no segundo lugar —, que, apesar de só ter 33% dos alunos a fazerem um percurso direto de sucesso, isso representa mais 21,57% do que as escolas que têm alunos com o mesmo perfil.

“Da análise dos dados apresentados, salienta-se a ligeira diminuição, em 2017/2018, da percentagem de percursos diretos de sucesso entre os alunos dos cursos científico-humanísticos [ensino secundário]”, lê-se no documento. “Ao conjugar a avaliação interna com a avaliação externa, [o percurso direto de sucesso] é um indicador bastante robusto, que não premeia a retenção e, em simultâneo, mede o bom desempenho nas provas nacionais.” Quer isto dizer, que se uma escola chumbar alunos para só os melhores chegarem aos exames nacionais, pode conseguir melhor classificação no ranking dos exames, mas não no do sucesso.

Na tabela das escolas com os piores resultados nos percursos de sucesso, destaca-se o Colégio Integrado de Monte Maior (Loures), uma escola privada, que está em penúltimo lugar no ranking de sucesso, mas lá em cima, em 35.º lugar, na ordenação com base nas notas dos exames. Mais, apesar de ter 52% dos alunos com percursos diretos de sucesso, está 19,86% abaixo da média das escolas que têm alunos com o mesmo perfil.

Outro destaque negativo vai para as escolas que têm menos de 10% dos alunos com percursos diretos de sucesso: Escola Secundária D. Manuel Martins, em Setúbal (7%); Escola Básica e Secundária de Alvide, em Cascais (6%); e Escola Básica e Secundária à Beira Douro, em Gondomar (4%). Todas elas escolas públicas.

Menos de metade dos alunos consegue percursos diretos de sucesso

Os dados da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) e Júri Nacional de Exames (JNE) permitem ainda perceber que os percursos diretos de sucesso são mais frequentes nas raparigas do que nos rapazes e tanto maiores quanto menores as carências económicas. Pelos dados, vemos que para Português e para Matemática A não houve uma grande variação das notas dos exames nos últimos quatro anos.

Os dados utilizados foram disponibilizados pelo Ministério da Educação, trabalhados pela Nova School of Business and Economics (Nova SBE) e interpretados pelo Observador.

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