O tema que tem dominado este domingo é a remodelação do Governo e, por isso mesmo, não é de estranhar que tenha sido este o assunto principal abordado por Luís Marques Mendes no seu espaço de comentário político semanal na SIC.

Decompondo esta reestruturação em quatro pontos principais, Marques Mendes, começa primeiro por destacar o facto de estas mudanças se fazerem todas dentro do núcleo duro do PS, com “a prata da casa”, decisão que faz este Governo tornar-se “mais fechado, de combate.” Ao mesmo tempo, outro dos destaques prende-se com o facto destas mudanças representarem “um ligeiro desvio à esquerda” que se fará sentir no Governo.

Pedro Nuno Santos, um dos “promovidos” com esta alteração, vê também reforçada a sua posição política ao alcançar “um ministério super-popular”, ganhando, pelo meio, dois grandes “aliados” em “lugares-chave”: Duarte Cordeiro e Mariana Vieira da Silva. Finalmente, Marques Mendes terminou afirmando que esta alteração não será “para fazer obra“, não terá tempo para isso. É sim uma “remodelação para fazer política” a “pensar nas eleições”. O ex-político atira ainda que António Costa está a tentar dar destaque a todos aqueles que, no futuro, poderão vir a ocupar o seu lugar enquanto secretário-geral do Partido Socialista.

Está feita a remodelação: Pedro Nuno Santos, Mariana Vieira da Silva e Nelson Souza sobem a ministros

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Houve ainda espaço para mencionar a situação da ADSE, a “crónica de uma crise anunciada” em que “todos perdem.” Marques Mendes foi mais longe ao afirmar que esta situação complicada é “responsabilidade do Governo”, que não conseguiu antecipá-la e que se encontra completamente desorientado: por um lado Costa tenta por “alguma água na fervura”, por outro, Centeno e a Ministra da Saúde “comportam-se como verdadeiros incendiários.” Tudo isto resume-se a mais um “problema político” que vai “fragilizar o Governo”.

Sobre a moção de censura apresentada esta sexta-feira pelo CDS, a segunda num curto espaço de tempo, Marques Mendes disse não ter significado útil: “É política virtual e até artificial. É um número de fogo de artifício. Não tem qualquer razão substantiva que a justifique”, afirmou o comentador.

Se a primeira moção, apresentada em 2017 a propósito da forma “inqualificável” como o Governo lidou com os incêndios. segundo Marques Mendes fez “todo o sentido”, esta segunda trata-se de um caso de “gato escondido com o rabo de fora”. Acredita o comentador da SIC que esta iniciativa de Assunção Cristas quase nem é direcionada ao Governo, mas sim ao PSD e ao Aliança.

Ou seja, é uma forma de mostrar que o CDS faz mais oposição que os restantes partidos. Isto tudo coloca o PSD em xeque ao fazer com que a única posição que possa tomar seja a da abstenção — se apoiar o PS, “suicida-se”, se estiver do lado do CDS, “faz papel de idiota”.