Três deputadas do Partido Conservador britânico anunciaram esta quarta-feira que se demitiram da sua força política e que irão juntar-se ao Grupo Independente, o grupo formado por deputados dissidentes do Partido Trabalhista, formado no início da semana.
Anna Soubry, Sarah Wollaston e Heidi Allen são assim as primeiras tories a aderir ao grupo. Numa carta enviada à primeira-ministra, Theresa May, invocaram a forma como o partido tem lidado com o Brexit e a corrente mais eurocética dentro do partido como razões para a sua saída: “Não podemos continuar no partido de um Governo cujas políticas e prioridades estão tão firmemente reféns do European Research Group [ERG, grupo eurocético liderado por Jacob Rees-Mogg e do DUP [Partido Democrata Unionista, de norte-irlandeses unionistas].”
O Brexit redefinou o Partido Conservador — desfazendo todos os esforços para o modernizar”, acrescentaram as três deputadas na mesma carta.
Em conferência de imprensa, as três deputadas voltaram a sublinhar que tomaram esta decisão de forma ponderada e que o fizeram porque já não se reveem num Partido Conservador que, creem, fez uma guinada à direita. “Não estou a abandonar o Partido Conservador, foi o partido que me abandonou”, resumou Soubry.
"You don't leave a political party that you've called 'home' for many years, without a great deal of thought and a considerable amount of heartache".
Watch as Independent MP Anna Soubry gives her reasons to leave the Tory party: https://t.co/OmHm809wBC pic.twitter.com/5fIw3umzL5
— Sky News (@SkyNews) February 20, 2019
“Tencionamos sentar-nos como Independentes [na Câmara dos Comuns] junto do Grupo Independente, no centro da política britânica”, acrescentam, deixando assim claro que se irão juntar ao grupo de dissidentes do Labour. No início desta semana, sete deputados trabalhistas anunciaram a sua saída do partido, a que se juntou uma oitava deputada (Joan Ryan) na noite de terça-feira. O facto de o grupo contar agora com membros do Partido Conservador é um duro golpe para o Governo de Theresa May, que fica assim com uma maioria ainda mais frágil nos Comuns.
Sete respostas sobre os dissidentes do Labour e sobre o que a sua saída representa
A primeira-ministra já reagiu a este anúncio, dizendo-se “triste” pela decisão, mas acrescentando que não tenciona alterar o rumo das suas políticas: “É claro que a pertença do Reino Unido à União Europeia tem sido uma fonte de discórdia tanto no nosso partido como no nosso país há muito. Terminar essa pertença ao fim de quatro décadas não iria ser fácil”, declarou. “Mas ao cumprir o nosso compromisso e aplicar a decisão do povo britânico estamos a fazer a coisa certa pelo nosso país.”