O ex-dirigente da Nissan e da Renault suspeito de fraude fiscal e desvio de fundos foi esta quarta-feira libertado da prisão japonesa de Kosuge, em Tóquio, depois de completar 100 dias de prisão. Segundo a CNN, que mostra imagens da sua saída, o brasileiro Carlos Ghosn terá pagado um fiança de 7,89 milhões euros (mil milhões de ienes) pela liberdade, a mais alta alguma vez aplicada no Japão.
O Le Monde descreve que Carlos Ghosn, 65 anos, abandonou a cadeia vestido com um blusão e com uma máscara protetora branca, rodeado de guardas e perante as objetivas de dezenas de câmaras de filmar e máquinas fotográficas. Isto porque na véspera o tribunal de Tóquio já tinha anunciado o pagamento da caução por parte do arguido, que já tinha tentado três outras vezes sair da cadeia pela mesma via. Há cerca de um mês, Ghosn mudou de advogados e conseguiu agora a sair, mas com restrições. O acesso ao seu computador será restrito para evitar que destrua provas do crime, não poderá sair do Japão e será vigiado em casa através de um sistema de videovigilância.
A família do empresário, que é acusado de abuso de confiança agravado e arrisca uma pena de dez a quinze anos de cadeia, diz que ele emagreceu cerca de 20 quilos na prisão. Já no depois de sair em liberdade disse aos jornalistas: “Estou extremamente grato à minha família e amigos que ficou ao meu lado nesta terrível provação”.
Carlos Ghosn was released on bail in Tokyo. The former Nissan chief had been held since November, accused of financial wrongdoing. https://t.co/fQYutvOSlo
— The New York Times (@nytimes) March 6, 2019
Ghosn chegou ao Japão a 19 de novembro como responsável pela Nissan, Renault e Mitsubishi Motors, três fabricantes de carros que ele juntou e que emprega hoje mais de 450 mil pessoas em todo o mundo. Esta aliança permitiu que as três empresas vendessem em 2017 10,6 milhões de carros no mundo. Naquele dia o empresário teria uma reunião na Nissan, a empresa japonesa que ele salvou da ruína, segundo a CNN, mas acabaria detido pelas autoridades e presente a um procurador por suspeitas de não ter declarado todas as compensações financeiras que recebeu, ao longo de quase uma década, e de violar a confiança da Nissan, tendo mesmo usado fundos da empresa para cobrir perdas.
O brasileiro recusa as acusações e diz que é alvo de uma “conspiração da Nissan” para o afastar das funções que desempenhava.
Presidente do grupo Nissan Renault Carlos Ghosn detido por suspeita de fraude fiscal