O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira que vai deixar as taxas de juro inalteradas, nos níveis mínimos atuais, “pelo menos até ao final de 2019”. A indicação anterior que existia era de que os juros não subiriam “pelo menos até ao verão de 2019”, ou seja, Mario Draghi decidiu enviar uma mensagem de maior estímulo monetário à economia. Além desta mudança de discurso, o BCE anunciou novas operações de financiamento de longo prazo.

Em comunicado divulgado após a reunião de política monetária desta quinta-feira, o BCE referiu que a principal taxa de refinanciamento se mantém em 0%, a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez permanece em 0,25% e a taxa de juro dos depósitos continua em terreno negativo (-0,40%). Não era esperada qualquer alteração nestes valores — a principal notícia aqui é que foi transmitido que estes níveis irão permanecer até ao final do ano, pelo menos, uma consequência dos riscos de abrandamento económico na zona euro, que podem afastar a zona euro ainda mais das metas de inflação.

“As medidas, em si, não são uma grande surpresa mas o momento escolhido para o anúncio é surpreendente”, comentam analistas do ING, em reação. “Na nossa opinião, é claramente uma tentativa por parte do BCE de se antecipar, tentando evitar um aperto indesejado” que possa ocorrer nos mercados monetários.

BCE revê em baixa previsão de crescimento para 1,1% na zona euro

O Banco Central Europeu (BCE) baixou esta quinta-feira em seis décimas a sua previsão de crescimento na zona euro em 2019 para 1,1%, quando em dezembro tinha antecipado um crescimento de 1,7%.

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O presidente do BCE, Mario Draghi, que a entidade também reviu em baixa a previsão de crescimento para 2020 para 1,6% (1,7% em dezembro) e manteve de 2021 em 1,5%.

O presidente do BCE justificou esta revisão em baixa com a acumulação de riscos para economia.

Já em dezembro, o BCE tinha revisto em baixa as suas previsões de crescimento em relação ao que antecipara em setembro.

BCE lança nova vaga de empréstimos para reforçar apoio à economia

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou também esta quinta-feira o lançamento em setembro de uma nova vaga de empréstimos de longo prazo aos bancos, para preservar “as condições favoráveis de crédito”.

O objetivo destas novas operações de refinanciamento, entre setembro de 2019 e março de 2021, cada uma com uma maturidade de dois anos, é também estimular a economia, numa altura em que o crescimento não mostra grande vigor, o mesmo acontecendo com a inflação.

O dinheiro será emprestado aos bancos a uma taxa de juro correspondente à principal taxa de refinanciamento do BCE, atualmente em 0%.

Na reunião de hoje do BCE, a instituição indicou também que espera deixar as taxas de juro inalteradas “pelo menos até ao final de 2019”, quando até agora prometia mantê-las nos níveis atuais “pelo menos até ao verão”.

As medidas foram anunciadas antes de serem divulgadas as novas previsões de crescimento e de inflação do BCE.

Mario Draghi, presidente do BCE, vai explicar esta quinta-feira estas decisões em conferência de imprensa.