O ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, rejeitou, na terça-feira, uma possível intervenção militar de Brasília na Venezuela, um cenário que na semana passada não tinha sido descartado pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

“Essa não é uma hipótese que estamos a considerar, o Brasil está a procurar uma solução pacífica e rápida para a crise na Venezuela”, disse o ministro aos jornalistas, em Washington, depois de um encontro com o secretário da Defesa interino norte-americano, Patrick Shanahan.

Na semana passada, durante a sua viagem oficial a Washington, Bolsonaro deu uma resposta ambígua sobre este tema na conferência de imprensa após o encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Existem algumas questões que, se você fala sobre elas, não são mais estratégicas (…) É uma questão de estratégia, tudo o que discutimos aqui (em privado) vamos cumprir, mas algumas possibilidades não são ditas em público”, afirmou Bolsonaro.

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“Temos alguns assuntos em que estamos a trabalhar em conjunto, reconhecendo, obviamente, a capacidade económica, bélica, entre outras, dos Estados Unidos. Temos de resolver a questão da nossa Venezuela”, afirmou Bolsonaro, na Câmara do Comércio norte-americana, acrescentando: “O povo venezuelano tem de ser libertado e acreditamos e contamos, obviamente, com o apoio norte-americano para que esse objetivo seja alcançado”.

Em resposta, o Governo venezuelano condenou as “declarações perigosas” dos presidentes dos Estados Unidos, e do Brasil e manifestou-se preocupado pela influência norte-americana sobre o dirigente brasileiro.

O Governo da República Bolivariana da Venezuela manifesta a sua contundente condenação pelas declarações perigosas dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro”, lê-se num comunicado divulgado em Caracas.

O documento, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, sublinha que ser “grotesco ver dois chefes de Estado com responsabilidades internacionais conjuntas, fazerem apologia de guerra sem qualquer distensão, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas”.

“A influência belicista norte-americana sobre o Brasil e as teses supremacistas de Donald Trump sobre Jair Bolsonaro são muito preocupantes. Os dois presidentes, sem dúvida, refletem as ideias mais retrógradas para os povos da região, assim como para a paz e a segurança mundial”, acrescenta.