Nada de riscas brancas no chão. No próximo dia 17, algumas passadeiras de Lisboa encher-se-ão de cores. Mais propriamente as do arco-íris que fazem parte da bandeira LGBTI, já que o que se pretende assinalar é mesmo o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifopia.
Sensível a esta temática a Assembleia de Freguesia de Arroios, em Lisboa, aprovou por unanimidade a proposta do CDS-PP.
A “efeméride celebra-se a 17 de maio por ter sido nesse dia em 1990 que se retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, lê-se no texto da proposta do CDS-PP, em que se refere que a junta de freguesia de Arroios foi pioneira em março último ao criar o “Centro de Referência LGBTI” e “Casa da Diversidade”. Trata-se “da criação de uma rede de serviços de informação e atendimento específicos para vítimas de discriminação e violência com base na orientação sexual e/ou identidade de género ou de características sexuais”, pelas quais o CDS-PP “congratula o executivo”.
Os argumentos dos representantes do CDS-PP na Assembleia de Freguesia de Arroios continuam, lembrando que “a Freguesia de Arroios é um lugar de todos e para todos, e sobretudo um lugar de inclusão”. Assim, Frederico Sapage Pereira e Vítor Teles propuseram que se assinale o dia “com a colocação de passadeiras arco-íris, na avenida Almirante Reis, em frente aos sinais luminosos para passagem de peões junto aos números 1 e 13”.
A medida, que foi divulgada na página do Facebook do CDS de Arroios não passou despercebida, motivando comentários críticos na rede social e causando algum desconforto dentro do partido. Pedro Pestana Bastos, por exemplo, não gostou nada da ideia. O ex-deputado, antigo membro da comissão política do CDS, que foi candidato pelo partido à Câmara de Loures, manifestou o seu desagrado também no Facebook, chamando-lhes de “moderninhos”.
“Bem sei que para alguns por vezes é cool aparecer com uma imagem moderninha mas isto é um completo disparate. O dinheiro dos contribuintes (mesmo se a despesa não for grande) não é para gastar em fantochadas e temos de dar o exemplo. Acresce que as passadeiras por razões de segurança nos termos do regulamento de sinalização são obrigatoriamente brancas. Não há passadeiras Arco Iris. Não brinquem com coisas sérias”, diz o atual conselheiro nacional do CDS.
Líder da distrital do CDS em Lisboa não subscreve a proposta
João Gonçalves Pereira, vereador na Câmara de Lisboa e presidente da Distrital do CDS-PP, também se fez ouvir e escreveu na sua página de Facebook que não subscreve a proposta em causa. Em resposta ao post surgem vários comentários, incluindo o de João Gomes (CDS), da Assembleia Municipal de Torres Vedras, que escreve: “Isto não é um CDS populista, isto é uma atitude estúpida de alguém que não pode falar em nome do partido e que deveria ter consequências “.
Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento do CDS, também usou as redes sociais para afirmar que a “inclusão não se faz gastando dinheiro e recursos escassos a pintar passadeiras com cores LGBT, o que é ilegal e perigoso”. “A inclusão faz-se rebaixando passeios para as pessoas com mobilidade reduzida, instalando dispositivos sonoros para cegos e tapando buracos na via pública”, continuou.
As críticas fizeram com que o CDS de Arroios se justificasse, também no Facebook, dizendo que “confundir a afirmação da não discriminação de pessoas com a defesa de uma ideologia de género é característico de alguma Esquerda”, com a qual não pactua e na qual não se revê.
“É um erro que não podemos cometer e que cometeríamos se nos escusássemos a celebrar este dia o que, equivaleria a dizer que aceitamos discriminações. Mas não aceitamos. Como não aceitamos doutrinações. São coisas distintas”, continua a explicação.
E para que não restassem dúvidas, o núcleo de Arroios do partido conclui: “O nosso foco é apenas um: trabalhar em prol da inclusão social, em vez de promover o totalitarismo de teorias sociais identitárias que não subscrevemos.”