Em 2017, morreram em Portugal nove mulheres durante a gravidez, parto ou pós-parto. A taxa de mortalidade materna — de nove mulheres em 86.154 nascimentos, o que equivale a 10,4 óbitos por um valor referência de 100 mil nascimentos — não estava tão alta desde 1991, ano em que nasceram em Portugal 116 mil bebés e em que morreram 12 mulheres por cada cem mil nascimentos. Os números são avançados pelo Jornal de Notícias.

Em 2016, Portugal já era o quarto país da União Europeia com uma taxa mais elevada de mortalidade materna, apenas atrás da Estónia, Hungria e Letónia, mas os valores de 2017 não indiciam uma melhoria nestes índices — antes pelo contrário. Os números parecem ainda mais preocupantes quando se sabe que em 2000, por exemplo, a taxa de óbitos por cada cem mil nascimentos (nasceram, nesse ano, 101 mil bebés) foi de 2,5, um valor quase quatro vezes inferior ao de 2017.

Numa altura em que a mortalidade infantil “também está a subir”, a Direção-Geral de Saúde (DGS) garante que vai analisar os números, mas associa já o aumento das mortes maternas à idade das grávidas. Entre 2014 e 2017, avança a DGS, apenas 30% das mulheres que deram à luz tinham 35 anos ou mais mas foram as mulheres neste intervalo etário que representaram mais de metade (60%, nomeadamente) das mortes maternas.

“A idade mais elevada da mãe, a patologia subjacente que lhe está associada, como por exemplo a hipertensão arterial, os antecedentes obstrétricos, podem aumentar a possibilidade de morte materna”, aponta a DGS como hipótese. Já o presidente do Colégio de Especialidade de Ginecologia/Obstretrícia da Ordem dos Médicos, João Bernardes, pede, em declarações ao JN, que os números não sejam desvalorizados: “Desde 2013 que [a taxa] está a subir ao nível de uma morte por ano. Nove mulheres é uma subida importante e significativa”.

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