André Ventura está disposto a abandonar a lista do Basta às eleições europeias após receber protestos de “centenas de apoiantes e alguns financiadores” descontentes por Ventura ter faltado a uma debate na RTP para fazer comentário desportivo na CMTV, na passada segunda feira.

Vou colocar o lugar à disposição da coligação“, afirmou André Ventura ao Observador, indicando que se os apoiantes “acharem que foi errado, o segundo lugar [Gonçalo da Câmara Pereira] será o cabeça de lista”. Serão os líderes dos restantes membros da coligação — o Partido Popular Monárquico (PPM), o Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC) e o movimento Democracia 21 — a decidir pela manutenção ou saída de André Ventura.

A reunião está prevista para a noite desta terça-feira, mas o Observador sabe que todos os três membros da coligação vão votar pela permanência de André Ventura. A maioria chegará para se manter o cabeça de lista.

“Custou-me bastante o que aconteceu ontem porque mais não fiz do que obedecer a um compromisso profissional que tinha, sendo a RTP completamente inflexível e impedindo a minha substituição”, indica o líder do Basta, que considera que fez a escolha certa.

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O possível abandono do Basta não coloca em causa a liderança do Chega, indicou ainda André Ventura, que se vai candidatar à presidência do partido no primeiro congresso: “A situação só se coloca se também os militantes do Chega considerarem que isto me inviabiliza como presidente”.

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Apesar de estar previsto na lei eleitoral que “os órgãos de comunicação social que integrem candidatos ao ato eleitoral como colaboradores regulares (…) devem suspender essa participação e colaboração durante o período da campanha eleitoral e até ao encerramento da votação”, André Ventura continua a ser comentador da CMTV.

“Na minha interpretação, as minhas funções como comentador desportivo e de justiça não colidem com as minhas funções políticas”, justifica André Ventura, continuando: “Se eu não puder manter a minha atividade profissional durante o período de campanha, eu vivo do quê? Acho até inconstitucional privar alguém de rendimentos por participar num ato eleitoral.

Democracia 21, PPV/CDC e PPM vão manter apoio a André Ventura

“Em situações deste género o meu voto é sempre favorável a que se cumpram compromissos prévios”, declarou a fundadora do Democracia 21, Sofia Afonso Ferreira, ao Observador, indicando que vai votar na reunião desta terça-feira pela manutenção de André Ventura na liderança do Basta.

Manuel Matias, representando o Partido Cidadania e Democracia Cristã garantiu também o voto favorável à permanência de Ventura: “Não há nenhuma razão para que o André não seja cabeça de lista. O PPV está tranquilo, sereno e compreende a posição do André”.

“É uma não questão. O cabeça de lista do PPM é o André Ventura e continuará a ser”, reforça Gonçalo da Câmara Pereira, em declarações ao Observador. O líder do Partido Popular Monárquico promete também que o PPM manterá o apoio a André Ventura.

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“A RTP não esteve bem e agora quer criar mais um caso em volta do André Ventura e da coligação Basta”, acrescenta, concluindo que “quando a poeira assentar o povo português perceberá que era só uma polémica e que há valores mais altos numa campanha eleitoral”.

Segundo Sofia Afonso Ferreira “a RTP tinha marcado o debate para as 21h00”, o que permitiria a André Ventura comparecer em ambos os programas televisivos — até porque, de acordo com a mesma, o Correio da Manhã disponibilizou um motorista para transportar o candidato de um estúdio para outro — mas “a RTP trocou a hora do debate à última da hora sem ter nada disto em conta”.

Mais a líder do Democracia 21 repete outra das queixas apresentadas por André Ventura: “Não deixaram que outro membro da lista o substituísse, apesar de estarmos numa coligação em que temos quatro líderes habilitados a falar”.

“Foi uma tomada de posição”, conclui Gonçalo da Câmara Pereira, continuando: “O serviço público de televisão não representa os portugueses. Passam os cargos de pais para filhos, de tios para sobrinhos e depois criticam-me a mim por ser monárquico“.

**Notícia atualizada às 19h03 de 14 de maio de 2019 com as declarações de Gonçalo da Câmara Pereira**