O futebol já nos ensinou que existem gerações, de tempos a tempos, que parecem mais dotadas do que as anteriores, mais talentosas do que as anteriores, mais preparadas do que as anteriores. De repente, um grupo considerável de jogadores nascidos num certo ano salta para as equipas principais dos clubes europeus, começa a aparecer nas convocatórias das seleções nacionais e a fazer capas de jornais enquanto a next big thing do futebol internacional. O fenómeno, que se estende quase sempre a Portugal, não tem propriamente explicação — mas dá frutos.

Atualmente, é a geração nascida em 1999 que está a fazer mossa na Europa. Com o central Matthijs De Ligt à cabeça, que com 19 anos é capitão do Ajax e titular da seleção holandesa, o grupo de jogadores que completam 20 anos em 2019 inclui Brahim Díaz, avançado do Real Madrid; Guendouzi, médio do Arsenal; e Donnarumma, guarda-redes do AC Milan (e ainda Moussa Diaby, Justin Kluivert, Kai Havertz e muitos mais). Em Portugal, a equipa que foi campeã europeia Sub-17 em 2016 e campeã europeia Sub-19 em 2018 inclui Diogo Dalot, atualmente no Manchester United; Domingos Quina, do West Ham; e Diogo Queirós, que há semanas conquistou a UEFA Youth League com o FC Porto. Mas no caso específico de Portugal tem sido o Benfica a aproveitar de forma mais sumarenta o grupo de jogadores nascidos em 1999 que saíram do Seixal.

Luís Filipe Vieira nunca escondeu que a aposta em Rui Vitória era também uma aposta na formação encarnada, em contraste com as opções mais conservadoras de Jorge Jesus, e a sucessão de Bruno Lage seguiu essa mesma linha — até porque o atual treinador do Benfica orientou várias equipas das camadas jovens encarnadas durante diversos anos. João Félix, Gedson Fernandes, Florentino Luís e Jota nasceram todos em 1999 e fazem parte da equipa principal do Benfica que conquistou este sábado o 37.º título nacional do seu palmarés. A espinha dorsal do conjunto encarnado inclui ainda Rúben Dias e Ferro, ambos de 1997 e ambos produtos do Seixal, e assume uma preponderância nos destinos do Benfica que não encontra paralelo nos dois principais rivais no panorama atual.

João Félix, novembro de 1999

Acaba por tornar-se complicado explicar em curtos parágrafos a importância — para o jogador, para o Benfica e para o futebol português — da temporada de João Félix. O golo marcado na Luz ao Sporting, ainda na primeira volta do campeonato, ainda com Rui Vitória e ainda numa altura em que a conquista do título era um objetivo válido mas tremendamente difícil, foi a primeira pedra de uma época recheada de recordes, marcos históricos e jogos que ficarão para a memória dos adeptos encarnados.

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João surgiu na equipa principal do Benfica enquanto um dos vários jovens formados no Seixal que nos últimos anos apareceram — com pequeno, moderado ou grande sucesso, de André Horta a Rúben Dias — no relvado principal da Luz pela mão de Rui Vitória. Ao longo de três anos e meio e até janeiro de 2019, o atual treinador do Al Nassr lançou 15 jogadores made in Seixal, uns diretamente a partir da equipa B e outros formados na academia encarnada e entretanto emprestados a outros clubes: Ederson, Nuno Santos, Renato Sanches, André Horta, José Gomes, Pedro Pereira, Yuri Ribeiro, Rúben Dias, Bruno Varela, João Carvalho, Diogo Gonçalves, Gedson Fernandes, João Félix, Alfa Semedo e Jota.

As lesões intermitentes de Jonas e as ondulações de forma do avançado brasileiro ao longo da temporada obrigaram primeiro Rui Vitória e depois Bruno Lage a inventar soluções alternativas para o setor mais adiantado da equipa. Seferovic, que no início da temporada parecia ser a quarta opção para o ataque, face às contratações de Ferreyra e Castillo, tornou-se um titular indiscutível e a referência ofensiva do Benfica. Ao seu lado, na ausência de Jonas e com a marginalização do argentino e do chileno, restava João Félix: a aposta no jovem de apenas 19 anos parecia inevitável mas nunca foi encarada como uma imposição, nem do lado da equipa nem do lado dos adeptos, e depressa se percebeu que algo especial estava a surgir entre Seferovic e Félix.

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Juntos, suíço e português formaram a dupla de ataque mais eficaz da edição da Primeira Liga que está agora a terminar. E João Félix, o rapaz franzino que deixou o FC Porto aos 15 anos porque queria ter mais bola, tornou-se o símbolo maior do Campeonato que o Benfica acabou de conquistar. Com 15 golos ao longo de 27 jogos, revelou uma veia goleadora e decisiva que foi útil aos encarnados nos momentos mais difíceis e mais incertos e que teve como principal clímax dois jogos específicos.

Primeiro, no início de março, a visita ao FC Porto que valeu o salto para a liderança da classificação. Adrián colocou os dragões em vantagem aos 18 minutos mas João Félix não demorou outros dez a repor a igualdade, relançando um jogo que Rafa acabaria por sentenciar já na segunda parte. Depois, em abril, a partida da primeira mão dos quartos de final da Liga Europa com o Eintracht Frankfurt, onde assinou um hat-trick na goleada dos encarnados por 4-2 e se tornou o jogador mais novo da história a marcar três golos num jogo da segunda competição europeia. O entusiasmo da primeira mão não evitou a eliminação na Alemanha, mas para a história ficam as lágrimas de João Félix, um Estádio da Luz em êxtase com a exibição daquele que é o melhor produto do Seixal nos últimos anos e todas as linhas que se escreveram sobre o rapaz franzino de 19 anos que há apenas quatro estava a trocar o Porto por Lisboa para ir atrás do sonho.

João não é bluff. João não é flop. João é futuro vezes três (a crónica do Benfica-Eintracht Frankfurt)

A temporada de sonho de João Félix incluiu ainda uma primeira convocatória algo frustrante para a Seleção Nacional, já que não entrou no jogo com a Ucrânia e falhou a receção à Sérvia por lesão. Melhores dias virão com a chamada quase certa para a final four da Liga das Nações, já no próximo mês de junho. O ano com que dificilmente o jovem jogador poderia sonhar há uns meses garantiu os habituais rumores de transferências milionárias, as habituais chamadas de capa com tubarões europeus cheios de interesse e as habituais subidas de cláusula de rescisão. Não há dúvidas de que João Félix terá muitos interessados mas também não existe qualquer certeza de que deixe a Luz já durante o próximo verão. Resta ao Benfica e aos adeptos esperar que Félix queira uma temporada de quase consagração para provar que a temporada de revelação não foi um acaso. Pormenores à parte, João Félix subiu para alturas difíceis de atingir as expectativas que estão agora colocadas sobre todo e qualquer um jogador que venha do Seixal para a equipa principal: João é, e será provavelmente durante alguns anos, um talento difícil de igualar.

Gedson Fernandes, janeiro de 1999

À semelhança de João Félix, Gedson foi lançado ainda por Rui Vitória e até foi à Seleção Nacional antes do médio ofensivo, já que Fernando Santos chamou o médio ainda no final de agosto para um particular com a Croácia e um jogo da Liga das Nações com a Itália (cenário que não se vai repetir na final four de junho, já que Gedson integra a convocatória de Hélio Sousa para o Mundial Sub-20). Também ele parte da colheita de 1999 que o Seixal exemplarmente aproveitou, o médio acabou por perder alguma relevância da equipa encarnada com o avançar da temporada, não só devido à troca de treinador como também à subida progressiva de rendimento de Samaris e Gabriel, que agarram no meio-campo encarnado e atiraram o português e Fejsa para o banco de suplentes.

A lesão de Gabriel, já numa fase avançada da época, abriu algum espaço a Gedson mas o aparecimento de Florentino — o único nascido em 1999 que só foi lançado pela mão de Bruno Lage — voltou a empurrar o médio que começou a jogar no Frielas para a condição de suplente. Ainda assim, Gedson foi a opção recorrente e usual sempre que foi preciso segurar o meio-campo e aguentar um resultado tremido, superiorizando-se a Fejsa nessa condição, e tem a seu favor o facto de quase nunca comprometer, mantendo-se certinho e com a melhor qualidade que um médio-centro com pendor mais defensivo pode ter: a de passar praticamente despercebido, o que significa que completa as suas funções sem cometer erros.

Ao longo de 22 jogos no Campeonato (não marcou na Liga, só na Liga dos Campeões e na Taça de Portugal), Gedson Fernandes foi outro dos elementos da geração de ouro de 1999 que empurrou o Benfica para a reconquista da Primeira Liga e é uma das pedras basilares da preparação da próxima temporada. O cenário de uma eventual saída não pode estar totalmente afastado mas o mais provável é que o médio permaneça na Luz quando voltar do Mundial Sub-20 e seja opção de Bruno Lage nos objetivos futuros.

Florentino Luís, agosto de 1999

Tino, como lhe chama Bruno Lage, só chegou à equipa principal do Benfica com o atual treinador encarnado. Este facto, contudo, deve-se apenas a uma janela temporal e a um acaso de oportunidade e não necessariamente à hipótese de Lage ter visto algo que Rui Vitória não viu: em outubro, quando estreou Jota, o então técnico encarnado garantiu que tinha vários jovens do Seixal na casa de partida e mencionou, desde logo, Florentino e Ferro (ainda chamou o central, já não foi a tempo de lançar o médio).

A estreia absoluta de Florentino, ainda assim, ficou abafada pelo resultado mais desnivelado desta edição da Primeira Liga que agora termina e pelo jogo que ficará durante décadas na memória dos adeptos do Benfica (e do Nacional, mas por motivos diferentes). O médio vestiu pela primeira vez a camisola da equipa principal do Benfica no dia 10 de fevereiro, o mesmo dia em que os encarnados golearam os madeirenses por 10-0 na Luz. Florentino entrou aos 62 minutos para substituir Samaris, numa altura em que o resultado já estava nos 6-0, e ainda foi a tempo de ver Rúben Dias, Rafa e Jonas (marcou dois) levarem o marcador para os escandalosos números finais.

Seguiu-se a estreia a titular, quatro dias depois e logo nas competições europeias. Bruno Lage lançou os miúdos para a visita ao Galatasaray, na primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa, e Florentino não só cumpriu o desafio como foi o melhor elemento encarnado na primeira vitória de sempre da equipa portuguesa na Turquia. Campeão europeu Sub-17 e Sub-19, está habituado a grandes palcos, grandes decisões e jogos grandes: e talvez tenha sido por isso que não quis esconder uma refrescante falta de nervosismo no final desse jogo em Istambul.

Uma velha história com barbas invertida por um miúdo que ainda mal barba tem (a crónica do Galatasaray-Benfica)

“Senti-me muito confortável, os colegas receberam-me bem. Senti-me como se estivesse na equipa B”, disse Florentino na flash interview. A lesão de Gabriel, já na segunda metade da temporada, deu-lhe a titularidade no meio-campo em conjunto com Samaris e o médio termina agora a época enquanto parte do onze tipo de Bruno Lage. Ao longo de 12 jogos no Campeonato, só marcou uma vez (fora, com o Moreirense) mas agarrou a oportunidade dada pelo treinador e alargada pelo infortúnio de Gabriel. Blindado por uma cláusula de milhões, Florentino deve ficar na Luz e ser mais uma das peças do puzzle que Bruno Lage vai começar a montar já durante o verão.

Jota, março de 1999

Antes de João Félix entrar no imaginário dos adeptos do Benfica, antes de Gedson se estrear na equipa principal, antes de Florentino aparecer no meio-campo encarnado, Jota era a grande esperança do clube da Luz. Depois de ser campeão europeu Sub-17, numa equipa onde também estavam os dois últimos, o avançado foi um dos grandes destaques da Seleção Nacional Sub-19 que voltou a conquistar a Europa no passado verão. Novamente ao lado de Gedson e Florentino e a partilhar o estatuto de craque com Trincão, avançado do Sp. Braga, Jota bisou na final contra a Itália e regressou a Portugal enquanto herói de uma geração que foi campeã europeia em 2016, campeã europeia em 2018 e que aponta agora ao Mundial Sub-20.

João Filipe. “O próximo Cristiano Ronaldo” que marcou onze golos num só jogo, fez testes no United e brilha no Europeu Sub-19

Jota, que na verdade é João Filipe, estreou-se na equipa principal logo em outubro, contra o Sertanense e contar para a Taça de Portugal, mas teve de esperar até fevereiro para jogar na equipa dos grandes no Campeonato. Pelo meio, Bruno Lage substituiu Rui Vitória, Félix, Gedson e Florentino agarraram um lugar cativo nas convocatórias e o nível de exigência subiu para valores difíceis de alcançar. O avançado passou a temporada a sair e a entrar dos convocados do plantel principal, a sair e a regressar à equipa B e não conseguiu propriamente tornar-se um nome fulcral na conquista do 37.º título nacional da história do Benfica.

Ainda assim, no dia em que se estreou enquanto titular na formação principal do Benfica — na receção ao Dínamo Zagreb, a contar para os 16 avos de final da Liga Europa –, Jota foi o motivo pelo qual elementos do scouting do Tottenham e do Bayern Munique se deslocaram a Lisboa e à Luz para assistir à partida. O avançado que com 15 anos fez testes no Manchester United é cobiçado por vários gigantes europeus (no verão passado, os desportivos espanhóis chegaram a avançar que o Real Madrid tinha 18 milhões para dar por Jota) mas é o produto da formação encarnada que esta temporada chegou à equipa principal que tem a cláusula de rescisão mais reduzida. Resta saber se Bruno Lage quer continuar a contar com o avançado, se um dos tubarões da Europa decide apostar em Jota ou se o Benfica opta por colocar o jogador de apenas 20 anos a rodar por outra equipa.

Rúben Dias, maio de 1997

A inclusão de Rúben Dias num grupo de jogadores jovens que agora chegaram à equipa principal do Benfica parece algo estranha. A maturidade do central, aliada ao facto de ser já titular da Seleção Nacional e de ter sido convocado para o Mundial da Rússia (apesar de não ter jogado qualquer jogo), torna quase contra-natura o estatuto de promissor produto do Seixal que Rúben Dias não pode deixar de ter. Ainda assim, há muito que o jogador deixou de ser promissor para passar a ser uma certeza: apesar de ter apenas 22 anos, ou seja, de ser somente dois anos mais velho do que João Félix, Gedson, Florentino e Jota.

Rúben Dias chegou à equipa principal em setembro de 2017, no início da passada temporada, e beneficiou das lesões recorrentes de Luisão e do desgaste associado aos então 36 anos do central brasileiro. Depois de ultrapassar uma apendicite que o afastou dos relvados durante um mês logo nesse arranque de época, Rúben foi sendo progressivamente a opção inicial ao lado de Jardel no centro da defesa e conquistou-a de forma permanente na reta final da temporada que terminou com o FC Porto a conquistar a Primeira Liga. Foi um dos poucos jogadores que não alterou o rendimento com a “chicotada psicológica” de janeiro, tendo mantido os níveis exibicionais altos e a titularidade inequívoca: ainda assim, com Bruno Lage ao leme, Rúben Dias assumiu uma posição de gradual liderança e chegou a envergar a braçadeira de capitão contra o Galatasaray, em fevereiro, depois da saída de Salvio e na ausência de André Almeida.

Com apenas 22 anos acabados de fazer (comemorou a 14 de maio, na passada terça-feira), Rúben Dias sagrou-se campeão nacional pela primeira vez e é um dos símbolos da equipa encarnada. A garra do central português, ainda que aliada a uma permanente vontade de vencer que às vezes não evita erros desnecessários, dá vitórias e motiva os colegas de equipa. Ao lado de Ferro, com quem passou a fazer dupla a partir de fevereiro e com quem jogou ao longo de todos os escalões da formação do Benfica, Rúben Dias descobriu um maior conforto e o equilíbrio necessário para poder avançar e aparecer a responder a bolas paradas (marcou três golos no Campeonato, todos de cabeça).

É uma das opções do Atl. Madrid para colmatar a saída de Godín já na próxima temporada — cenário que se pode alterar se se confirmar a ida de Felipe, central do FC Porto, para a capital espanhola — mas também é desejado no Manchester United e na Juventus. Depois de resistir à insistência do Lyon pelo central no verão passado, Luís Filipe Vieira terá de agarrar com unhas e dentes a manutenção de Rúben Dias, um dos pilares de Bruno Lage e do 37.º título nacional, nos próximos meses.

Ferro, março de 1997

A par de Rúben Dias, Ferro — ou Francisco Ferreira, conforme indica o documento de identificação — também não faz parte da geração de 1999. A par de Rúben Dias, o central tem 22 anos feitos já este ano. Mas ao contrário de Rúben Dias, Ferro não chegou à equipa principal do Benfica pela mão de Rui Vitória. O central foi o primeiro estreante de Bruno Lage, logo no início de fevereiro, e não podia ter escolhido jogo mais marcante para entrar pela primeira vez no relvado da Luz enquanto jogador da formação principal do clube encarnado.

Aos 37 minutos da receção do Benfica ao Sporting a contar para a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal — e apenas dias depois de o Sporting ter sido goleado em casa pelo Benfica, desta feita a contar a contar para o Campeonato –, Jardel sofreu uma lesão muscular e teve de ser substituído. Na linha lateral, à espera para entrar, em pulgas, estava Ferro; no centro da defesa, à espera de quem ia entrar, com um sorriso orgulhoso, estava Rúben Dias. A dupla de centrais da formação do Benfica encontrava-se nesse momento no maior palco de todos e saiu da Luz com uma vitória por 2-1 (que depois foi anulada na segunda mão, já que o Sporting ganhou em Alvalade com um golo de Bruno Fernandes e passou à final do Jamor).

Quem é Francisco Ferreira, ou Ferro, o primeiro estreante do Benfica de Bruno Lage?

Tal como aconteceu com Florentino, a estreia de Ferro no Campeonato também ficou abafada pelo histórico 10-0 imposto ao Nacional, mas o central português conseguiu fazer jus ao resultado desproporcionado e acumulou três primeiras vezes no mesmo dia: estreou-se na Liga, estreou-se enquanto titular e estreou-se a marcar. Ferro marcou o sexto dos dez golos do Benfica, após assistência de Pizzi, voltou a marcar na jornada seguinte ao Desp. Aves (num jogo onde terminou expulso) mas guardou o golo mais bonito para a altura mais necessária.

Na segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa, em casa com o Dínamo Zagreb, Jonas levou a eliminatória para prolongamento ao marcar um golo que igualou o resultado feito pelos croatas no primeiro jogo. Aos quatro minutos do tempo suplementar, Ferro atirou um remate do meio da rua e colocou o Benfica com um pé nos quartos de final — o passaporte foi confirmado por Grimaldo, também através de um grande golo, dez minutos depois.

No Campeonato, o central aproveitou as lesões sucessivas de Conti e Jardel, que mesmo depois de recuperados nunca foram propriamente a opção primordial de Bruno Lage, e terminou a temporada enquanto titular indiscutível no eixo da defesa, ao lado de Rúben Dias. Embora não seja um dos nomes mais associados a transferências milionárias para o estrangeiro, a verdade é que Ferro tem mercado e realizou uma segunda metade de época constante e convincente. No provável cenário de manutenção na Luz, o central de 22 anos é parte do setor mais estável do Benfica de Bruno Lage e 25% da linha de quatro que o treinador quererá manter na próxima temporada: André Almeida na direita, Rúben Dias e Ferro no centro e Grimaldo na esquerda.

Aos quatro representantes da geração de 1999 e aos dois inevitáveis da colheita de 1997, juntam-se mais três nomes que são produtos do Seixal, que estiveram nas convocatórias da equipa principal mas que não foram fulcrais para a conquista do Campeonato: Yuri Ribeiro, Alfa Semedo e Ivan Zlobin, todos nascidos em 1997. O lateral esquerdo, que está no Benfica desde os 16 anos, regressou à Luz depois de ter estado emprestado ao Rio Ave durante a temporada passada e foi opção em sete jogos espalhados pela Taça de Portugal, pela Taça da Liga e pela Liga Europa mas nunca alinhou em partidas para o Campeonato. O médio, que apareceu de forma regular na primeira metade da temporada, ainda com Rui Vitória, acabou por sair para o Espanyol a título de empréstimo no mercado de inverno. Já o guarda-redes russo, que chegou a Portugal em 2015, saltou de titular indiscutível da equipa B para terceiro guarda-redes da equipa principal com a saída de Bruno Varela para o Ajax e vai ganhando cada vez mais protagonismo no plantel encarnado, principalmente face às prestações menos conseguidas de Svilar quando chamado a substituir Vlachodimos em jogos das Taças.