A memória é sempre meio caminho andado para manter vivo um postal. A Lili Caneças, essa não lhe falha e a última semana foi, nada mais, nada menos do que um refresco de antigas imagens. Durante três dias, a socialite portuguesa recordou os velhos tempos, sob o sol da Riviera Francesa. “Antigamente, vinha porque tinha dinheiro. Agora, venho porque me convidam”, confidencia ao Observador, ainda antes do regresso a casa. “Vim a Cannes durante 17 anos. Conheci estrelas como a Romy Schneider, o Alain Delon, o Omar Sharif e a Vanessa Redgrave”, recorda.
Para Lili Caneças, Cannes é, em primeiro lugar, sinónimo de cinema. Um verdadeiro bónus na paisagem, já que falamos de uma cinéfila inveterada, aficionada das obras de Fellini, Visconti e Bergman. “Comecei cedo. Lembro-me de quando íamos ao cinema para aprender qualquer coisa. No regresso, discutíamos a vida, a morte e outras questões existenciais”, completa. Hoje, continua a não perder os mestres de vista, embora com o neto de 16 anos vá ver tudo o que é repertório Marvel.
Lili foi a Cannes na qualidade de embaixadora da Magnum — a marca de gelados, precisamente –, missão que partilha com Rui Maria Pêgo e com Carolina Loureiro. Pode não ter pisado a passadeira vermelha do Palais des Festivals, mas a agenda não deu descanso. Numa festa junto ao areal (onde a areia foi posta para fazer parte do cenário), na Boulevard de la Croisette, desfilaram as principais caras da marca nos diversos países. Rita Ora atuou. Só faltou mesmo Iris Apfel, que cancelou a sua presença em cima do evento, para desgosto de Lili que ansiava pelo encontro — “Vou conhecer a Iris Apfel, que tem idade para ser minha mãe”, afirmou numa publicação de Instagram, ainda antes de rumar ao Sul de França.
Na falta do ícone norte-americano, Lili Caneças deu nas vistas, o que aliás não surpreende. Numa criação da dupla portuguesa Alves/Gonçalves — um vestido azul da coleção primavera-verão 2019, largo e fluido, enaltecido por geometrias e cores –, foi o centro das atenções. “Ta robe est belle“, ouviu vezes sem conta. “Ao fim dos três dias, já toda a gente sabia o meu nome, em inglês, em francês, em alemão. Volto com o meu ego todo para cima”, refere.
Não vamos mentir: foi difícil conseguir falar com Lili Caneças durante os últimos três dias. Entre preparativos, sessões fotográficas, cocktails regados a champanhe e jantares, mal parou no Barrière Le Majestic, onde ficou hospedada (embora, noutros tempos, a estadia fosse no Carlton). Depois do primeiro visual, vieram outros dois, ambos com a assinatura dos criadores portugueses.
“Somos portugueses, temos de mostrar coisas portuguesas”, disse-lhe Ruben Osório, stylist de Conan Osíris e responsável pelos looks de Lili em Cannes. “Ele tinha toda a razão, mas também não queria vir de Conan Osíris”, refere. Conclusão: a socialite deixou em casa a Chanel e a Dior (à exceção de uma mala) e acatou o conselho. Afinal, os dois já tinham trabalhado juntos numa produção para a revista Vogue. O último vestido, verde e em PVC, foi uma escolha especialmente arrojada. “Não sei se teria coragem de usá-lo em Portugal, deixava-me com as pernas todas de fora”, admite. Nada de alarmismos. Lili usou umas collants pretas opacas, por isso, tudo decorreu com a maior das dignidades. Ou, como a própria resume: “Extravagante, gira e com bom gosto”.
Entretanto, Lili Caneças está de regresso a Lisboa, mas por pouco tempo. Na próxima semana, voa até Monte Carlo, onde terá oportunidade de privar com Michael Douglas. Já o Festival de Cannes não vai a lado nenhum. Até dia 25 de maio, há outras divas a desfilar à beira-mar.