A criadora de chips ARM, que tem sede no Reino Unido e é detida pela empresa japonesa Softbank, cancelou todos os “contratos ativos” que tem com a Huawei, avançou a BBC. A notícia surge no mesmo dia em que duas das principais operadoras de telecomunicações britânicas — a EE e a Vodafone — cancelaram o lançamento do primeiro telemóvel 5G da empresa chinesa.
A ARM cancelou a ligação que tem com a Huawei por ter escritórios de desenvolvimento de chips nos Estados Unidos em cidades como Austin, no Texas, e São José, na Califórnia. Segundo comunicado da ARM, esta medida foi tomada para a empresa poder cumprir com as regras de bloqueio norte-americanas impostas à Huawei.
Os processadores Kirin da Huawei estão presentes na maioria dos dispositivos móveis da Huawei e dependem da tecnologia da ARM para poderem ser feitos. Com a ARM a cessar definitivamente todas as ligações com a Huawei, não são só as parcerias com a Google, e o sistema operativo Android, que podem condicionar o funcionamento de próximos telemóveis. Sem as parcerias com a ARM, a Huawei vai ter de mudar os processadores que desenvolveu para ter smartphones competitivos no mercado.
Operadoras britânicas suspendem venda do primeiro telemóvel 5G da Huawei
No início desta semana, várias empresas norte-americanas, como as fabricantes de chips Intel, Qualcomm, Xilinx e Broadcom, anunciaram também a suspensão de entregas à Huawei devido ao bloqueio imposto pelo executivo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América, no início desta semana.
Ao colocar a Huawei numa espécie de “lista negra”, a empresa ficou impossibilitada de continuar acordos que tinha com empresas norte-americanas, o que já está a dificultar a expansão na empresa na disponibilização de infraestruturas 5G e noutros mercados, como o dos smartphones. A decisão da ARM mostra que outras empresas sem sede nos Estados Unidos estão também a seguir o exemplo para não inviabilizar os negócios que têm em solo norte-americano.
A Huawei é, neste momento, a empresa que vende mais smartphones em Portugal. Até agora, as operadoras portuguesas têm mantido a confiança na empresa chinesa. Contudo, os Estados Unidos da América, que afirmam que a Huawei é um perigo para a segurança do Ocidente, já deixaram a mensagem a Portugal: se o país fizer parcerias com empresas chinesas, a relação com os norte-americanos “vai mudar”.
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