O advogado de Joaquim Couto e Manuela Couto, arguidos da operação ‘Teia’, Nuno Brandão, negou este sábado a suspeita de que o casal tenha viajado a expensas da Câmara de Santo Tirso, como sustenta a investigação da PJ/Porto.

Em declarações à entrada do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, onde desde sexta-feira os quatro detidos da operação estão a ser ouvidos pelo juiz de instrução Artur Guimarães, o advogado procurou desmontar as suspeitas lançadas ao político e à empresária.

Reportando-se às “alegadas viagens efetuadas pelo presidente da Câmara de Santo Tirso que se diz terem sido pessoais, mas a expensas do município”, Nuno Brandão afirmou já ter sido “apresentada prova documental que revela que a parte das viagens de caráter pessoal, sem caráter institucional, foi custeada pelos próprios e não pela câmara”.

As afirmações ocorrem no mesmo dia em que são noticiadas viagens do casal para diversos destinos, alegadamente a expensas da autarquia do distrito do Porto.

Autarca de Santo Tirso recebeu 40 mil euros de empresas da mulher que ajudava a promover

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A empresária Manuela Couto e o presidente do IPO/Porto, Laranja Pontes, regressaram este sábado ao TIC para o último dia de interrogatórios e a fixação das medidas de coação.

Ouvida na sexta-feira durante mais de três horas, Manuela Couto é administradora da W Global Communication, e já foi constituída arguida em outubro, no âmbito da operação Éter, relacionada com o Turismo do Norte, tendo pago uma caução de 40 mil euros para ficar em liberdade.

Antes, haviam sido interrogados os dois presidentes de câmara, Miguel Costa Gomes (Barcelos) e Joaquim Couto (Santo Tirso) sendo que para este sábado sobra ainda o interrogatório ao presidente do IPO/Porto, Laranja Pontes, sendo que os quatro foram detidos na quarta-feira.

A operação ‘Teia’ centra-se nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos bem como no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na “viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto”, segundo comunicado da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, o órgão de polícia criminal que apoia o Ministério Público neste caso.

Nuno Brandão frisou também, sobre a atividade empresarial de Manuela Couto, que no processo em apreciação “já foi assumido por várias pessoas com responsabilidades decisórias neste processo que não se está a discutir nem a qualidade dos serviços, nem o preço dos serviços nem a efetividade dos serviços que foram prestados pelas empresas de Manuela Couto”.

Defendendo que “não se põe em causa que os serviços existiram, que foram prestados e eram de qualidade e adequados às necessidades e conforme aos preços que se praticam no mercado”, o advogado enfatizou que apenas estão em discussão “questões de caráter procedimental, formal e não de substância”.

“Portanto, não há aqui o depauperamento de dinheiros públicos a ser discutido neste processo”, disse.