O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou esta segunda-feira a nomeação do atual embaixador da Suíça em Maputo, Mirko Manzoni, como seu enviado pessoal para aquele país para mediar as conversações de paz entre Governo e oposição.
Manzoni vai continuar a “facilitar o diálogo entre o governo de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) com vista à assinatura e subsequente implementação de um acordo de paz entre as partes”, refere a ONU em comunicado.
A nomeação acontece três dias antes de António Guterres visitar Moçambique, aterrando em Maputo na quinta-feira e com passagem pela cidade da Beira na sexta-feira, para avaliar os trabalhos de reconstrução após os mais intensos ciclones de sempre terem atingido o país em março e abril.
Manzoni vai começar a exercer as funções para a ONU depois de terminar a sua missão na embaixada suíça, acrescenta o comunicado, sem especificar data.
O presidente moçambicano e o líder da Renamo anunciaram no início de junho a meta de chegar a um acordo de paz até à primeira semana de agosto.
Mirko Manzoni tem mais de 20 anos de experiência nos campos diplomático e humanitário, é embaixador da Suíça em Moçambique desde 2014, apoiando o processo de paz entre o Governo e a Renamo na qualidade de mediador chefe e presidente do Grupo de Contacto Internacional desde 2017.
Anteriormente, trabalhou com o Departamento Federal de Relações Exteriores da Suíça no Mali e na Polónia e ainda com o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na República Democrática do Congo e no Iraque.
Afonso Dhlakama, então presidente da Renamo, declarou um cessar-fogo que vigora desde dezembro de 2016 em Moçambique, após conflitos armados no centro do país (cerca de 800 quilómetros a norte da capital, Maputo) e encetou conversações de paz com o Presidente, Filipe Nyusi.
O diálogo levou à alteração da Constituição para acomodar o desejo da oposição de votação para governadores provinciais (até agora nomeados pelo poder central) a partir das eleições gerais deste ano.
Dhlakama morreu a 3 de maio de 2018 devido a complicações de saúde e o seu sucessor, Ossufo Momade, tem continuado as negociações com Nyusi nos restantes dossiês que podem levar à paz: desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) dos guerrilheiros da Renamo.