O deputado social democrata Cristóvão Norte vai testemunhar em defesa do suspeito do crime de incêndio, que deflagrou em Monchique em 2018, mas não conhece o arguido, nem a sua advogada, garante ao Observador. O deputado foi um dos cinco do PSD que viu esta sexta-feira a sua imunidade parlamentar ser levantada em resposta a um pedido do tribunal.
Cristóvão Norte diz que ainda explicou ao presidente da Comissão, Marques Guedes, que nada tinha a ver com o caso que corre no Tribunal de Faro. Mas ele achou melhor levantar-lhe a imunidade para que respondesse por escrito devidamente ao tribunal. “Agora tenho dez perguntas para responder e não sei nada do que se passa”, disse ao Observador.
No processo investiga-se um crime de incêndio, aquele que em 2018 terá engolido parte da serra de Monchique. Mas o deputado social democrata nem sequer conhece o arguido, nem sequer a sua advogada. “E fui arrolado como testemunha de defesa!”, diz, surpreendido.
Cristóvão Norte diz que todos os anos chegam à Assembleia da República “centenas de pedidos” destes para que os deputados testemunhem em tribunal. Muitos, acusa, são apenas manobras para atrasar os processos em tribunal. “Já aconteceu na AR serem arrolados parlamentares para adiar processos, como expedientes de natureza dilatória”, acusa.
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Na última sexta-feira a Assembleia da República autorizou cinco pedidos de levantamento de imunidade de deputados do PSD, dois para a constituição de duas arguidas no caso das presenças-fantasma.
Duas deputadas do PSD vão ser constituídas arguidas no caso das presenças-fantasma no Parlamento