O antigo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, que fez as pazes com Rui Rio em janeiro, será candidato na lista de deputados do PSD no círculo do Porto num lugar simbólico e não elegível: o primeiro suplente da lista. Questionado pelo Observador, o antigo presidente do PSD confessou que foi convidado por Rui Rio para “ocupar o lugar que quisesse“, mas optou um lugar “manifestamente simbólico”. Menezes lembra que havia “uma antiga tradição de Barbosa de Melo ocupar o último lugar da lista de deputados no Porto, independentemente de quem fosse o líder, para dar um sinal de apoio ao partido”. É nessa lógica que Luís Menezes segue na lista.

Luís Filipe Menezes explica ao Observador que este vai ser “um combate muito difícil”, mas que seria “fosse quem fosse o líder do PSD”. E acrescentou mesmo: “Nem que Sá Carneiro ressuscitasse, seria sempre muito difícil“. Isto porque, justifica, o partido enfrenta “circunstâncias muito complexas”, por não ter sabido capitalizar o “trabalho muito patriótico que foi a gestão de quatro anos de troika.”

A gestão política de Passos, lamenta, foi “feita com muita inabilidade”. Não só os anos da troika, mas também “os três primeiros anos de oposição, que não foram fantásticos: o discurso que vinha aí o diabo não foi fantástico, porque a conjuntura internacional era favorável e, mesmo que o diabo estivesse para vir, não estava à porta”.

Quanto a Rui Rio, Menezes diz que sofre do mal de vários líderes do PSD. “Era bom para 90% da comunicação social e passou a ser mau. Isso acontece com todos os que são oposição ao líder do PSD: quando chegam a líder passam a ser maus“, lembra o antigo líder. Para Luís Filipe Menezes, Rui Rio “tem coisas boas e coisas más” e enfrentará um combate difícil, mas há algo que dá esperança nas sondagens. O antigo presidente do PSD analisa que “o terceiro partido está longe, o Bloco não descola dos 9/10% e o CDS desaparece, o que demonstra que a verdadeira alternativa a este PS terá sempre de ser o PSD”.

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Nos lugares que contam mais do que a simbologia também houve algumas novidades. O secretário-geral José Silvano será o número dois em Lisboa, seguido do número três, Pedro Pinto (certamente, um dos militantes a quem Rio se referia quando disse que ia integrar um crítico nas listas). Em quarto irá Luísa Meirelles e em quinto Duarte Pacheco. Já Luís Marques Guedes, como avançou a Renascença, recusou ir nas listas de deputados por lhe terem oferecido o número dois em Leiria e não no círculo de Lisboa.

No distrito de Viana do Castelo, o líder distrital, Carlos Morais Vieira, terá sido vetado pelo líder do PSD. Em segundo lugar desse distrito irá Emília Cerqueira, a deputada que assinou as presenças-fantasma do secretário-geral José Silvano.

Em Braga, a comissão política — liderada por Hugo Soares — reuniu para reagir ao afastamento do antigo líder parlamentar e emitiu um comunicado onde entendeu “repudiar a forma como o presidente do Partido e a Comissão Política Nacional desrespeitou as indicações para a lista candidata às eleições legislativas no distrito de Braga e afirmar que só por estas se sentiria representada”. Apesar disso, diz o mesmo comunicado, “a secção de Braga do PSD, em prol dos interesses superiores do País, tudo fará para vencer as eleições legislativas no concelho de Braga.”