O Banco Montepio, supervisionado pelo Banco de Portugal, esteve quatro anos sem garantia adequada para um crédito de 17 milhões de euros a José Guilherme — o construtor que ficou conhecido pela prenda de 14 milhões de euros a Ricardo Salgado.

De acordo com o jornal Público, entre meados de 2014 e o final de 2018, o Banco de Portugal aceitou como válida uma garantia bancária emitida pelo Finibanco Angola, só que este banco controlado pelo Montepio já não reconhecia a garantia desde 2015.

O Público conta que está subjacente à garantia bancária uma transferência internacional que escapou à supervisão — movimentos financeiros que envolveram como cliente o construtor José Guilherme. Essa operação foi alvo de uma auditoria forense que chegou entretanto ao Banco de Portugal — e que fonte do supervisor diz ao Público estar a ser analisada para avaliar potenciais implicações para o Montepio.

A auditoria dá conta de uma prática pouco clara do Finibanco Angola, que, segundo o Público, permitia movimentar dinheiro para Portugal, facilitando o financiamento de José Guilherme em Lisboa, onde tinha dívidas por regularizar.

Esse crédito tinha como garantia bancária um depósito em dólares numa conta do Finibanco Angola, só que essa operação não foi submetida aos reguladores.

A partir de outubro do ano passado, o Banco de Portugal exigiu que o Montepio substituísse a garantia emitida pelo Finibanco Angola ou que assumisse 17 milhões de perdas por imparidades. O caso ficou encerrado quando, já este ano, o Banco Económico (ex-BES Angola) emitiu uma garantia válida.

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