“O meu nome é Lila e tenho orgulho de ser uma mulher Blackfoot [tribo nativa norte-americana]. O que estou a fazer é ilegal.” Assim começa a peça “Deer Woman” de Tara Beagan, artista e dramaturga, onde uma única mulher surge em palco para a história das meninas e mulheres indígenas canadianas que são abusadas e assassinadas.

Lila, representada pela atriz nativa americana Cherish Violet Blood, é soldado no exército canadiano e está preparada para usar as suas competências de combatente e vingar a morte da irmã mais nova. A irmã de Lila é apenas uma das 1.600 meninas e mulheres nativas americanas no Canadá que foram oficialmente declaradas mortas ou desaparecidas.

“O governo canadiano tenta há muito tempo que a legislação elimine a existência de pessoas indígenas, por isso a atuação funciona como um ato político por si”, disse Tara Beagan, citada pelo blog Canada Hub Fringe. “A produção tem uma equipa totalmente feita de artistas indígenas, apresentando um espetáculo que ultrapassa todas as barreiras culturais.”

Para a dramaturga, o objetivo da peça é, também, questionar porque é que os canadianos são tão complacentes com a morte e rapto de mulheres nativas. “Talvez seja por isso que ainda não apresentámos a peça no Canadá, apesar de estarmos entusiasmados de partilhar esta história com a comunidade global.”

O grande objetivo da vida de Lila é proteger a irmã Hammy, por isso aguenta os abusos de que é vítima desde que a irmã esteja a salvo, conta o site The Conversation. Mas é quando Lila sai do país numa missão que Hammy desaparece. Para proteger o país, deixou de conseguir de proteger os seus.

Lila vai vingar a irmã, vai cometer um crime, e conta tudo em frente de um smartphone preso num tripé, como conta o jornal The Guardian.

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