O governo do México recomendou à Procuradoria-Geral da República que fizesse “uma queixa por terrorismo contra cidadãos do México no território dos EUA”, a propósito do atentado terrorista que deixou 22 mortos e 26 feridos em El Paso, no Texas, e onde mexicanos e outros latinos terão sido alvos preferenciais. Entre os mortos, estão sete cidadãos mexicanos.

Esta iniciativa do governo mexicano, liderado pelo populista de esquerda Andrés Manuel López Obrador, foi anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Ebrard, numa conferência de imprensa neste domingo.

“Estamos em comunicação, respeitando o âmbito de ação da Procuradoria-Geral da República, para lhes proporcionar toda a informação necessária para que possam, se assim o entender o senhor procurador-geral da república, iniciar uma queixa por terrorismo contra nacionais do México no território dos EUA”, disse Marcelo Ebrard. “Que eu saiba, seria a primeira medida desta natureza na História.”

Marcelo Ebrard referiu ainda a possibilidade de o México, através da Procuradoria-Geral da República, pedir a extradição do autor do atentado e possíveis cúmplices para aquele país. “É uma decisão que se tomará no momento, mas que ninguém a estranhe, porque para o México este indivíduo é um terrorista”, disse.

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De acordo com aquele governante, o México considera que o tiroteio de El Paso foi “um ato de terrorismo contra a comunidade mexicana-norte-americana e a comunidade mexicana nos EUA”. Dessa forma, Marcelo Ebrard referiu ainda que esta segunda-feira ia enviar uma nota diplomática ao governo de Donald Trump para “solicitar respeitosamente mas com toda a firmeza que fixe uma posição clara e contundente contra os crimes de ódio”.

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Até agora, Donald Trump pronunciou-se em duas ocasiões, ambas no Twitter, sobre o atentado em El Paso, ao qual se descreve sempre como tendo sido apenas um “tiroteio”. Num segundo tweet, o Presidente dos EUA disse que o incidente “foi não só trágico como também foi um ato de cobardia”.

“Sei  que estou ao lado de toda a gente no nosso país quando condeno este ato de ódio. Não há razões ou desculpas que possam justificar que se matem pessoas inocentes. A Melania e eu enviamos os nossos sentidos pensamentos e rezamos pelo grande povo do Texas”, escreveu o Presidente dos EUA no Twitter.

Já este sábado, Donald Trump voltou a referir-se a este tema, desta vez para atirar contra os media, que diz terem “uma grande responsabilidade para a vida e segurança” nos EUA.

“As fake news contribuíram muito para a raiva que tem crescido ao longo de muitos anos. A cobertura noticiosa tem de começar a ser justa, equilibrada e neutra, or este problemas terríveis só podem piorar”, escreveu o Presidente dos EUA.

Donald Trump foi criticado por vários políticos democratas ao longo do fim-de-semana, que referiram que a retórica anti-imigração do Presidente dos EUA incentiva crimes como o de El Paso:

EUA. Democratas apontam “racismo” de Trump como causa do tiroteio em El Paso