Há uma guerra antiga entre visitantes ou moradores de localidades à beira-mar e… gaivotas. Tanto que vários municípios já começaram a proibir a população de alimentar estes animais sorrateiros (o Porto é disso exemplo), numa tentativa de os impedir de roubar petiscos, como batatas fritas, das mãos dos mais desatentos. Mas um estudo da Universidade de Exeter, no sudoeste da Inglaterra, vem agora dar novas pistas sobre como proteger a comida de gaivotas esfomeadas: e a solução passa por olhar fixamente para elas.

Os investigadores concluíram que quando um ser humano olha atentamente para as gaivotas, estes animais demoram mais 21 segundos a aproximar-se da comida do que se não estivessem a ser observados.

“As gaivotas são frequentemente vistas como agressivas e dispostas a roubar os alimentos dos humanos, por isso, foi interessante descobrir que a maioria nem sequer se aproximou durante os nossos testes”, disse uma das autoras do estudo, Madeleine Goumas, do Centro de Ecologia e Conservação.

Para chegarem a esta conclusão, os investigadores colocaram um pacote de batatas fritas no chão e calcularam, primeiro, quanto tempo as gaivotas demoraram a aproximar-se da comida quando estavam a ser observadas por humanos e, depois, quando estavam fora do campo de visão das suas ‘vítimas’.

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Os investigadores tentaram testar o comportamento de 74 gaivotas-prateadas, mas a maioria fugiu ou nem sequer se aproximou. Das que chegaram perto da comida (27), só 19 completaram os testes. E destas, “a maioria demorou mais tempo a fazê-lo quando estava a ser observada”, disse Madeleine Goumas. “Algumas nem sequer tocaram na comida, embora outras não parecerem ter-se apercebido de que estavam a ser observadas.”

A gaivota-prateada é uma espécie que vive em regiões costeiras na América do Norte, Europa e Ásia, e está a aumentar em áreas urbanas, o que é justificado pelo facto de se ter habituado à presença humana, e de ser alimentada frequentemente pelas pessoas.

Em Portugal, as câmaras do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia proibiram, em 2015, a alimentação destes animais (nestas cidades, os ataques de gaivotas, para roubarem comida, são cada vez mais frequentes). Vários municípios em Portugal seguiram o exemplo, estabelecendo, através de regulamento próprio, a proibição de alimentar animais errantes na via pública.