A mobilização dos sindicatos independentes de motoristas, que já ameaçou parar o país duas vezes este ano e obrigou o Governo a recorrer a forças de segurança e a decretar duas requisições civis para minorar os efeitos da paralisação dos trabalhadores, pode ter servido de inspiração também a mais sindicatos independentes de outras áreas de trabalho.
No plenário de motoristas que decorreu, no domingo, no salão da junta de freguesia de Aveiras de Cima estiveram presentes em segredo representantes sindicais dos professores, estivadores, bancários, pessoal da aviação civil, call centers e trabalhadores da Auto-Europa e, ao que tudo indica, haverá mesmo um plano para que as várias estruturas sindicais passem a agir de forma articulada, de acordo com o Expresso.
Segundo o jornal, os encontros têm sido “sigilosos” e têm como objetivo afinar novas formas de luta que podem tomar os moldes das greves que os motoristas realizaram este ano e que tiveram um grande impacto na economia e sociedade portuguesa. Uma das fontes sindicais disse ainda ao Expresso que a luta é não só “contra o governo”, mas também “contra a CGTP”. A intersindical nacional passa a ser também um alvo dos sindicatos independentes, que admitem ações conjuntas.
Pedro Pardal Henriques, o porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) que se assumiu como um dos rostos da luta dos motoristas, acrescentou ainda que estão já a abordar companhias de seguros para perceber a possibilidade de criação de um seguro que possa “cobrir a diferença entre o salário que os trabalhadores sindicalizados recebem enquanto estão de baixa e o que receberiam se estivessem a trabalhar” ou durante um processo de despedimento litigioso.