Salários em níveis pré-crise, défice próximo do zero até ao final do ano, desemprego a 6,7% — contrastando com os 14% de Espanha—, baixa taxa de criminalidade e uma atmosfera acolhedora. São estas as vantagens enumeradas pelo diário britânico Financial Times para justificar a “atração de imigrantes e investidores externos” para Portugal que, segundo o jornal, fazem do país uma “luz de esperança para a Europa”.
O texto de opinião no jornal económico recorda a aliança feita entre o Partido Socialista (PS) e “os grupos de esquerda, como o Bloco de Esquerda” — não especificando nem PCP, nem Os Verdes—, que em 2015 tinha sido considerada “ténue” (embora um ano mais tarde o mesmo jornal tenha dado a mão à palmatória e reconhecido no primeiro ano de mandato do Governo que este tinha “superado as expectativas”) e compara-la ao que aconteceu em Itália, onde a “geringonça” falhou.
Ainda que o crédito pela recuperação portuguesa não deva ser “todo atribuído” à geringonça à esquerda, já que uma recuperação económica a nível mundial e um boom no turismo ajudaram a impulsionar a economia portuguesa, o Financial Times recorda ainda o “difícil trabalho” que o governo anterior teve que desempenhar em troca de um resgate de 78 mil milhões de euros da Troika.
Apelidando o primeiro-ministro de “Sagaz Costa”, o jornal recorda a campanha das legislativas de 2015 em que António Costa manteve uma postura de “anti-austeridade” sendo que acabou por, ao longo da legislatura, aplicar políticas de “austeridade-leve” de acordo com alguns críticos, que o acusam de ser demasiado “cauteloso” nos investimentos com a obsessão do défice.
Nem a greve dos motoristas foi esquecida pelo diário britânico que, em conjunto com a reivindicação dos funcionários públicos pelo reposição do tempo de serviço congelado, apresenta estes como “alguns dos problemas” que Portugal ainda enfrenta. De acordo com o económico, na próxima legislatura o governo devia ter como prioridades a “administração pública que está desatualizada” e o setor bancário —embora reconheça que houve também melhorias nesta área. “À medida que a tempestade se aproxima da economia mundial, Portugal tem que ter uma visão clara do seu futuro e estratégias económicas”, conclui o jornal.