É provável que já tenha a marca na agenda mas caso não tenha é sempre bom ressalvar que o festival de gastronomia e música Chefs On Fire começa já no próximo dia 14 de setembro na Fiartil, no Estoril, e com ele chega a melhor desculpa possível para se ficar a cheirar a churrasco de barriga e alma muito cheias. Depois de uma primeira edição que foi um sucesso, este regresso chega com grande expectativa e uma ementa de criar água na boca.

Febras, hambúrgueres, entremeada e salsichas podem ser aquele menu básico de qualquer curioso que se aventure a título próprio nas brasas de sua casa. Como neste caso falamos de profissionais de topo (seis estrelas Michelin envolvidas, no total), semelhante ementa não podia estar mais fora de questão. O festival vai organizar-se em torno de dois tipos de menu preparados por cada chef, uma opção mais rápida e outra mais lenta. No total vão estar envolvidos 10 chefs de renome, todos portugueses com exceção de um, o primeiro internacional na história do certame e lenda viva do cozinhar com fogo: O australiano Dave Pynt, líder do estrelado (um astro Michelin) Burnt Ends, em Singapura. Este mesmo Pynt irá apresentar, por exemplo, uma vazia grelhada com tutano.

O fire pit da edição anterior vai crescer e ficar com novidades. ©Diogo Lopes/Observador

Entrando agora na “seleção nacional” temos o chef João Rodrigues, responsável pelo Feitoria, em Lisboa (uma estrela), que vai oferecer uns promissores tacos de aba de vaca grelhada com cebolas caramelizadas e em pickle; passando para outro “João”, o Oliveira, do Vista (em Portimão uma estrela Michelin também), encontramos a primeira proposta de peixe com o prato de truta salmonada portuguesa, cogumelos shitake, alface e creme de queijo. Ainda nos Michelin falta mencionar o pato na brasa em bolo do caco e bolbo de aipo grelhado do chef Alexandre Silva (estrelado no restaurante Loco, Lisboa) e ainda o momento doce proporcionado pelo chef pasteleiro Márcio Baltazar, homem forte na cozinha do bi-estrelado Ocean (Porches, Algarve) que vai propor uma pera rocha recheada feita na brasa.

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Comer (também) com os ouvidos

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A música também é outra aposta grande deste festival e esta nova edição também traz novidades, nomeadamente a aposta na internacionalização. Pela primeira vez o cartaz vai contar com dois artistas de fora de Portugal — o francês Adam Naas e os canadianos The Harpoonist And The Axe Murderer.

No capitulo mais lusitano vão haver atuações de Capitão Fausto, Dead Combo, Miguel Araújo, Marta Ren & The Groovelvelts e Lena D’Água.  

 

Kiko Martins também se vai estrear neste Chefs On Fire com um “ceviche no fogo“; o escalabitano Rodrigo Castelo, da sua Taberna Ó’Balcão (Santarém) vai trazer uma sugestão típica da sua terra natal, o capado (um bode que por ser capado, lá está, fica mais gordo e suculento) com pickles e maionese picante. De outras latitudes, desta vez mais do norte, virá o chef Nuno Castro, dos restaurantes Esquina do Avesso e Fava Tonka, em Leça da Palmeira, com um prato totalmente vegetariano (outra estreia), a maçaroca de milho com manteiga aromatizada. Também da mesma região, do Porto, mais concretamente, estará o chef Vasco Coelho Santos, outro repetente nestas andanças (à semelhança de João Rodrigues) que vem apresentar um brioche de atum. Finalmente haverá ainda a fraca alentejana com milhos na chapa e romã do jovem talentoso Carlos Albuquerque, o líder do restaurante da Herdade do Esporão, em Reguengos de Monsaraz, que também cozinha pela primeira vez neste fire pit.

Chefs on Fire: e se sete cozinheiros brincassem com o fogo?

Por falar nesta espécie de gaiola gigante onde tudo será cozinhado: a estrutura que já na edição passada foi o centro das atenções cresceu, tornou-se ainda mais exuberante e ganhou vizinhos. Outra novidade deste segundo Chefs On Fire é a introdução de novas estruturas desenhadas especialmente só para o evento. No total vão estar presentes 15 destes “eletrodomésticos primordiais”, entre eles um grelhador com mais de dois metros de cumprimento que foi pensado para cozinhar alimentos que estejam pendurados; dois fornos de tijolo, dois grelhadores com três pisos, três estruturas rotativas semelhantes ao tradicional espeto, dois bidões grelhadores e muitas chapas quentes. Para que é que isto interessa? Fácil: aumentar o número de estruturas de confeção permite mostrar todo o potencial e versatilidade deste tipo de cozinha que é cada vez mais uma tendência.