Houve mais 198 queixas de violência contra médicos e professores entre janeiro e junho deste ano do que no mesmo período de 2018, indicam os números da Direção-Geral da Saúde (DGS) noticiados pelo Público. No ano passado, a DGS registou 439 casos nos primeiros seis meses do ano — um número que já tinha sido superior ao homólogo de 2017. Este ano, o número aumentou para os 637.

Desde 2006 que a DGS contabiliza os “incidentes de violência contra profissionais de saúde no local de trabalho” através de um sistema de notificações. A violência física não é a mais significativa — apenas 13% das 4.893 notificações emitidas até ao segundo semestre deste ano correspondem a casos de ataques físico. Mas 57% são casos de assédio moral. E 20% representam queixas de violência verbal.

Os enfermeiros são os profissionais de saúde que mais sofrem com estes incidentes — 51% dos queixosos, indicam os números da DGS. Depois vêm os médicos (27%) e os assistentes técnicos (12%). Em 56% dos casos, os agressores foram os próprios doentes ou utentes. A família dos pacientes representa 21% dos perpetradores. Mas, em 20% dos casos, as queixas de violência foram relativas a outros profissionais de saúde.

Apesar de o número de queixas estar a aumentar nos últimos 13 anos, a DGS acredita que os casos de violência podem ser superiores ao indicado pelas estatísticas, noticia o Público. É que “a violência tem duas coisas que a caracterizam: o silêncio e a invisibilidade”, explicou o psiquiatra João Redondo ao Público: “Mas começou-se a falar cada vez mais neste assunto, há mais respostas e as pessoas procuram mais ajuda”, prossegue.

O aumento do número de queixas testemunha isso mesmo. O médico, que é um dos fundadores do gabinete de apoio na Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, afirma que os profissionais “estão a ter uma consciência mais direta” desses ataques, o que as motiva a apresentar mais queixas: “A violência começa quando se perde o respeito pelo outro”, alerta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR