Um salário mínimo de 750 euros, no final da legislatura, é uma “meta ambiciosa” mas que os patrões não rejeitam, por completo, desde que o Governo mostra “ambição igual” na criação das condições para que as empresas possam, de forma sustentável, pagar salários mínimos dessa ordem. Já Arménio Carlos, da CGTP, que considerou esta manhã a proposta “curtinha”, pede um salário mínimo de 850 euros “no curto prazo”.
António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que já tinha dito que 700 euros de salário mínimo nacional no final da legislatura era um “cenário razoável”, considera na RTP que um valor de 750 euros, referido por António Costa, é um objetivo “ambicioso”.
Para que este valor faça sentido, o Governo tem de ser “igualmente ambicioso” em criar condições para que se atinjam “metas de crescimento consentâneas com a sustentabilidade deste valor”.
“Temos de ser ambiciosos, devemos ser ambiciosos na evolução salarial e devemos ser ambiciosos no crescimento económico — porque é aí, e só aí, que reside a nossa capacidade, coletiva e individual, para atingirmos estes valores”.
António Saraiva garante que “a maior parte das empresas já paga acima deste valor, convenhamos, mas aquelas mais expostas à concorrência internacional, menos desenvolvidas, com menos incorporação de inovação têm um caminho a percorrer, temos de lhes dar algum tempo para introduzir boas práticas de inovação e valor acrescentado”.
Já Arménio Carlos, da CGTP, considera que o valor de 750 euros é “uma proposta que registamos como uma base de partida para a negociação, para se chegar aos 850 euros a curto prazo”. O líder da intersindical diz que é “fundamental” subirem os salários, não só o mínimo mas todos, e não só os do público mas, também, do privado. “95% das empresas trabalha para o mercado interno, portanto a procura interna vai ser determinante”, designadamente “para que as empresas possam produzir mais tendo a certeza de que também vão vender mais”, afirmou Arménio Carlos, ouvido pela Rádio Observador e, também, na emissão da RTP.
O líder da CGTP diz que na legislatura anterior houve um aumento do salário mínimo que permitiu que as pessoas vivessem “um poucochinho melhor”. Já esta manhã, em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, Arménio Carlos tinha dito que subir o salário mínimo para os 750 euros “é curtinho”. “Pode-se ir mais além, até para se beneficiar as empresas”, afirmou.
Jerónimo diz que aumento do salário mínimo para 750 euros “é insuficiente”
O secretário-geral do PCP afirmou hoje que “é insuficiente” a meta do primeiro-ministro, António Costa, de aumentar o salário mínimo para 750 euros, em 2023, e prometeu que o partido estará sempre no “combate por novos avanços”.
“Ouvimos António Costa defender a meta de 750 euros para o ano de 2023, mas nós continuamos a dizer que é insuficiente e isso vê-se na nossa proposta de 850 euros. Vamos continuar a nossa luta”, afirmou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista falava num comício no salão dos bombeiros do Seixal, no distrito de Setúbal, onde criticou a meta assumida hoje por António Costa para o novo Governo e reafirmou a “emergência nacional que constitui o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores”.
Nesta intervenção, Jerónimo de Sousa lembrou que hoje há “uma situação política diferente daquela que se apresentava há quatro anos”, com a tomada de posse do Governo minoritário do PS.
Ainda assim, frisou que “a estabilidade política garante-se dando resposta aos problemas nacionais” e que, se o PS tivesse obtido maioria absoluta, “ela não seria um fator de estabilidade, mas sim instabilidade para a vida, os direitos e rendimentos do povo português”.
Da parte do PCP, garantiu que os militantes podem contar com “uma intervenção que honrará os compromissos assumidos” e que estará “na linha da frente do combate por novos avanços”.
“Foi com essa perspetiva que ontem [sexta-feira], no primeiro dia de funcionamento da Assembleia da República, o grupo parlamentar do PCP fez entrar um conjunto de iniciativas legislativas que correspondem aos compromissos assumidos na campanha eleitoral, bem como a medidas urgentes que visam a resposta a problemas imediatos”, indicou.